Provence-Alpes-Côte d'Azur. O nome é comprido, mas é como a região que conhecemos como Provença é oficialmente denominada. É também praticamente uma breve explicação do que se encontra ali pelo sul da França: provença, alpes nevados, riviera francesa, costa azul, mediterrâneo, lavanda. Por livre associação, claro.
A viagem começou em Marseille, que é a capital da região. Chegamos lá de trem, saindo da Gare de Lyon em Paris, demorando aproximadamente 3 horas no trajeto. Pegamos na própria Gare Saint Charles, a estação de trem de Marseille, o carro previamente alugado na Europcar: originalmente um Kangoo, que virou um Peugeot 308 porque eles não tinham o carro reservado.
Marseille
Na verdade, acabamos nem conhecendo muito Marseille, mas à primeira vista me pareceu uma cidade meio velha, diria até um pouco feia. Mas minha opinião é baseada em quase nada, então preciso voltar lá para desfazer ou confirmar a impressão.
Aix-en-Provence
Aix é a antiga capital da Provence e também é uma das principais cidades da região. Entre sua fundação em 123 A.C. pelos romanos até 1487, quando foi definitivamente incorporada à França, Aix-en-Provence foi terra de visigodos, francos, lombardos, sarracenos, Aragons e Anjous. Foi na época desses últimos que a universidade de Aix foi fundada.
Mas a maioria das atrações turísticas da cidade surgiram bem depois disso. Cours Mirabeau, a principal avenida da cidade, foi construída no século XVII, assim como o Hôtel de Ville. Nas proximidades deste último, é montado um marché aux fleurs (mercado de flores) às terças, quintas e sábados. As fontes da cidade são do século XVIII, sendo a principal delas a Fontaine de la Rotonde.
Outras atrações são a Cathédrale St-Sauveur, Thermes Sextius e o Atelier Paul Cézanne, que não visitamos. Prédios antigos e arte no mesmo dia podia ser demais para um grupo de cinco pessoas com interesses distintos.
Fontaine de la Rotonda
Sainte-Maxime
A chegada em Sainte-Maxime foi assim: "Oba, chegamos em Saint-Tropez, vamos tirar fotos com praia e canteiros de lavanda, vamos tomar uma cerveja!". Depois da empolgação inicial, descobrimos se tratar da cidade vizinha, que no entanto está ali de frente pra Saint-Tropez, no mesmo golfo. Bonita também.
Saint-Tropez está lá atrás
Mamãe e o canteiro de lavanda
Saint-Tropez
Pensa numa área portuária, mas com iates de luxo entre os barcos pesqueiros, restaurantes sofisticados, pessoas vestidas de branco e lojas de grife. Ou então, imagina assim, uma Búzios mais chique, com gente falando francês e com as ruazinhas estreitas do centro histórico que data do século XV. É mais ou menos isso, Saint-Tropez. Só que melhor.
Anotado no caderninho: tenho que voltar lá para passar um fim de semana e fingir que eu sou rica.
Saint-Tropez
Porto
Cannes
Outra cidade bem bacana de se conhecer. Tem um charme diferente de Saint-Tropez; é maior, mais cosmopolita, mais cidade grande. Chegamos entre o fim do Festival de Cinema e o começo do Cannes Lions, mas mesmo assim a cidade estava cheia, bem animada. A boa é ficar num hotel o mais perto possível de La Croisette, a orla de Cannes: praia de dia, vários restaurantes e bares à noite. Se puder bancar, fica logo no Carlton, eu recomendo.
Enganei alguém? É, achei mesmo que não. Uma diária no Carlton deve custar mais que um rim meu.
Na orla também fica o Cassino e o Palais des Festivals, onde acontece o famoso Festival de Cinema. Lá também tem uma calçada da fama, com a impressão das mãos de vários atores, atrizes e diretores.
Outro lugar imperdível é o Château de la Castre, um castelo construído por monges nos séculos XI e XII. A vista lá de cima é sensacional.
A mão do David Lynch
Carlton
Antibes
Antibes, antiga Antipolis, foi fundada no século IV ou V A.C. pelos fenícios. Mais tarde, foi um entreposto grego, depois uma cidade romana, depois um domínio dos Grimaldi e enfim uma cidade francesa a partir de 1860.
Na lista do tem-que-ver está o Château Grimaldi, que abriga atualmente um Musée Picasso, e o porto da cidade, que tem os iates mais ridiculamente grandes e luxuosos que eu já vi na vida.
Iates no porto de Antibes
Grasse
É a capital dos perfumes da Provence, com uma tradição no ramo que vem do século XVI. Então, as visitas das perfumarias são o que há de mais interessante em Grasse, mas é só isso e olhe lá. Ganhou o título-trocadilho de "cidade sem-grasse".
Perfumaria Fragonard
Tourrettes-sur-Loup
Estávamos na estrada entre Grasse e Saint-Paul de Vence quando de repente vimos uma cidadezinha encravada no alto de uma montanha, uma village perché. Tourrettes-sur-Loup. Hein? Mas essa cidade nem está no guia!
Pausa para tentar explicar o que é village perché. Ao pé da letra seria mais ou menos "aldeia empoleirada", que obviamente não é o que se usa em português, se é que existe uma tradução exata. A expressão é usada para definir pequenas cidades medievais construídas no topo de montanhas rochosas, com vista para um rio, para um vale ou ainda para o mar. Ou seja, eram posicionadas em locais estratégicos de vigilância, de onde se podia avistar possíveis ameaças. Geralmente eram construídas ao redor de um castelo e/ou de uma igreja, com casas feitas de pedra e ruas estreitas formando um pequeno labirinto, e eram assim desenhadas justamente para confundir possíveis inimigos que a conseguissem invadir.
Pois bem, Tourrettes-sur-Loup é uma dessas cidades. E é linda, pequena, super bem conservada. Sério, me senti na Idade Média.
Tourrettes-sur-Loup
Salut!
Saint-Paul de Vence
Outra village perché, uma das mais famosas da região. Mas justamente por ser mais turística, não tem tanto charme quanto Tourrettes-sur-Loup; é maior, mais cheia de lojas e de gente. Mas ainda assim valeu a pena, é bem bacana.
Bem depois dos tempos medievais, Saint-Paul de Vence se tornou frequentada por gente como Modigliani, Simone de Beauvoir, Sartre, Catherine Deneuve...
Saint-Paul de Vence
Fonte
Cagnes-sur-Mer
Nesta cidade também tem um Château Grimaldi. E uma bela vista do litoral lá embaixo.
A vista
Nice
Nice é o segundo destino mais procurado na França, depois de Paris. É uma cidade grande. E isso foi muito ruim pra gente, porque cidade grande que se preze tem bandido, e um desses bandidos quebrou o vidro lateral do nosso carro. Então, o primeiro dia em Nice a gente passou tentando saber o que fazer, rodando a cidade à procura da delegacia, da agência da Europcar, da loja da Peugeot, da loja de conserto de vidro. Foi péssimo. Como a peça estava em falta, acabamos tendo que trocar o carro por um kangoo na Europcar. Depois eu conto o pesadelo que está sendo a cobrança disso.
Enfim, lá pro fim do dia conseguimos pegar uma prainha. Só que nem dá pra ficar muito tempo porque a praia é toda de pedras, e deitar nas pedras é bem desconfortável. De noite conseguimos andar pela Promenade des Anglais, passamos no Cassino, jantamos na rue Masséna.
E no dia seguinte, quase indo embora, vimos a Vieux Nice, a parte antiga e legal da cidade. Mas sabe má vontade? Pois é, Nice inspirou má vontade por causa do vidro quebrado. Nem exploramos muito essa parte da cidade.
O estrago
A cor do mar
Vieux Nice
Eze
Eze também é uma village perché. E lá tem o Jardin Exotique, um jardim lindo que fica ao redor da cidade. Linda, vale a pena.
Jardin Exotique de Eze
Eze
4 comentários:
Que delicia Maira! Ainda não conheço nenhuma dessas cidades e você me deu muita vontade de ir!
Que chato essa historia do vidro do carro, heim? O pior é que quando não estamos no nosso pais, não sabemos o que fazer direito. Mas essas coisas acontecem, não tem jeito.
E nos no Rio temos nossas proprias villages perchés! As favelas, hehehehe. Todo mundo bem empoleirado. Eu não entendia como meu namorado achava bonita a vista de uma favela, deve lembrar ele o sul da França...
AMEI!!!! Adorei as villages perchés!!! Como disse sua amiga aí de cima... praticamente nossas favelas... hehehehe! Quem dera. Adorei a coisa da má vontade... é assim mesmo, pode ser a melhor coisa do mundo mas quando bate a "má vontade" não tem jeito. Ainda assim fiquei com muita vontade de conhecer tudo, sem má vontade, claro.
Que bom que vocês ficaram com vontade de ir :-)
É verdade, nós também temos villages perchés no Brasil! Hahahaha! E aqui acho que o termo empoleirado se aplica bem.
O lance da Europcar ainda não resolveu, eles estão cobrando uma nota! Estamos tentando conversar com eles, mas realmente fica mais difícil quando não sabemos como as coisas funcionam :-(
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