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terça-feira, 31 de março de 2009

Picardia

Começamos a viagem pela Picardia, que fica logo ao Norte da Île-de-France, a região de Paris.

Chantilly

A primeira parada foi em Chantilly, cidade cujo castelo foi cenário de um dos mais espetaculosos e curtos casamentos do high society brasileiro. Apesar da história recente, que na verdade não é nem um pouco importante – apesar da minha curiosidade pra conhecer o lugar onde Ronaldinho e Daniela Cicarelli trocaram alianças –, o Château de Chantilly começou a ser construído no século XVI, foi destruído durante a Revolução Francesa e foi novamente reconstruído em estilo renascentista no fim do século XIX. Hoje o castelo abriga o Musée Condé, que exibe obras colecionadas por seu último proprietário, o duque de Aumale. A coleção inclui muitos quadros de motivo religioso, destacando obras de Rafael, Botticelli e Poussin.

Château de Chantilly

Senlis

É uma cidadezinha pequena bem perto de Chantilly, cujo destaque é a gótica Cathédrale Notre Dame datada do século XII. Algumas ruínas da época galo-romana completam a não muito variada gama de coisas legais para ver lá.

Cathédrale Notre Dame: reparem onde estão as mãos das estátuas posicionadas nas extremidades

Compiègne

Fato histórico importante da próxima parada: Joana D’Arc foi capturada em 1430 em Compiègne. A cidade também tem um castelo de verão construído por Luis XV e que foi freqüentado também por Luis XVI e Napoleão I. Hoje, eles sediam o importantíssimo Salão Internacional de Ovos Decorados.

Grande evento de Compiègne, não posso deixar de perder

Amiens

Amiens é a capital da Picardia e tem uma das mais importantes catedrais góticas da França, que muito originalmente se chama Catedral de Notre Dame e foi construída para guardar a cabeça de São João Batista. Dizem que foi milagre a igreja ter sobrevivido praticamente intacta às duas guerras.

Catedral de Notre Dame

A viagem em números e mapas


Visualizar 2009-03 - Rumo Norte em um mapa maior
Foram no total 1.660 km rodados entre vinte cidades da França, da Bélgica e de Luxemburgo. Dois amigos do Brasil. Uma multa por estacionamento irregular. Incontáveis litros de cerveja. Oito taças de champanhe. Alguns quilos a mais. Vários euros a menos. E um bocado de história pra contar.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Laptop bebum


Não é que a gente tenha ido a hotéis sem conexão. O problema é que segunda-feira o laptop tomou um banho de cerveja em Bruges e eu não tinha tido coragem de ligá-lo até agora porque achei que tinha estragado. Por enquanto está tudo bem, o coitado sobreviveu à nossa desastrada degustação de cervejas no quarto. Consolo: a cerveja era belga.

domingo, 22 de março de 2009

Rumo Norte

Saímos hoje de manhã de Paris. Destino: Norte da França. Roteiro: nenhum. Temos que estar na segunda-feira em Bruges para encontrar Luiz e Dani, mas até lá, estamos só rodando de carro e parando nas cidades que parecem interessantes. Já visitamos Saint Witz, Chantilly, Senlis e Compiègne, e vamos dormir aqui em Amiens, na Picardia.
Mais detalhes por vir, cedo ou tarde. Cedo se estivermos sempre em hotéis com wi-fi, ou tarde daqui a uma semana, quando voltarmos pra casa.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Em pedaços

Art washes away from the soul the dust of everyday life

Comprei recentemente um livro sobre história da arte que tem essa frase muito bonita do Picasso na contra-capa. Apesar de eu ainda não ter tomado vergonha na cara e começado a visitar e revisitar os museus de Paris, tenho feito um pouco de “arte” pra lavar a poeira do meu cotidiano por ora solitário:

1) Montei um quadro bacaninha do Warhol (Double Mona Lisa) no Allposters com uma moldura meio prateada e passe-partout amarelo, bem pop art. Chegou ainda agora e ficou lindo! Daí me lembrei que começa hoje a exposição “Le Grand monde d’Andy Warhol” no Grand Palais e que quero começar a temporada de arte com essa exposição, e logo!


2) Criei um mural com fotos de familiares e amigos queridos, o que me deixou feliz e ao mesmo tempo deu um apeeeerto no coração... muitas saudades de todos, muitas mesmo!


Daí comecei a pensar nessas escolhas que a gente faz e nas consequências delas. Mesmo antes de nos conhecermos, eu e Rafael já queríamos morar fora do Brasil, e de comum acordo resolvemos que era agora ou nunca. Desde o começo eu sabia que o contrato dele incluía cinco semanas de embarque pra cinco semanas em terra. Então – vejam bem, não é uma reclamação, é só uma constatação – eu sabia que mês sim, mês não eu ficaria sozinha, e que provavelmente seria difícil no começo já que eu não conheço quase ninguém por aqui. E bem desde o começo também percebi que, para ganhar essa experiência fora do país, eu teria que abrir mão de muita coisa, e principalmente perder a companhia de quase todas as pessoas que eu amo.

Ficar sozinha, portanto, já era parte do meu contrato, por assim dizer. Mas mesmo sendo uma pessoa mais introvertida que extrovertida, mesmo apreciando muito meus momentos sozinha, mesmo gostando de ficar quieta no meu canto, sinto falta das minhas pessoas, de um abraço, de um beijo, de um telefonema com tarifa local, de ter a sensação de que os que eu amo estão a uma curta viagem de carro de distância, se tanto.

E acabei chegando à conclusão de que, ao contrário do que dizem os livros de auto-ajuda e as revistas femininas, eu não sou inteira sem os outros, que nunca vou ser inteira, que ninguém é inteiro. A gente sempre tem um pedacinho faltando, alguém que está longe, alguma coisa que a gente ainda não viveu, alguma coisa que a gente precisa e por enquanto nem sabe que precisa. E que isso é muito, muito bom. O que a gente tem que fazer é ir tentando sempre juntar esses pedacinhos pra ver se um dia a gente consegue ter tudo ao mesmo tempo – o que na prática é impossível, mas por que não tentar? Eu estou sem muitas frações de mim, mas estou vivendo várias experiências que eu preciso viver agora, e que essas experiências vão ajudando a montar quem eu quero ser.

Mas chega de encher o saco de vocês. Daqui a pouco vai chegar aqui em casa um pedacinho muito especial de mim e eu vou poder falar pessoalmente pra ele essas minhas bobeiras, ao invés de escrevê-las no blog.

Chegaaaaa, fui!


Quero terra embaixo dos meus pés, quero ver carros, quero ver pombos, quero várias coisas. Não precisa elaborar muito, o que vier será bem vindo. Nada de vinhos sofisticados, cerveja barata é a melhor. Nada de ver museus e prédios antiquérrimos, quero ver mulher... sexo oposto pra mim, por favor, garçom! Maíra que não me leve a mal, afinal ela sempre foi e será a única, mas poxa. Me vê aí qualquer coisinha diferente pra vista além de macacões recheados com homem.

Chega de ouvir barulhos de compressores, bombas, sirenes, exaustores. Quero agora ouvir o barulho da turbina do avião me catapultando de volta pro mundo real. Meu humor é outro, tenho feito piadas a noite toda. Colegas engenheiros, pessoal do convés, até os clientes a bordo não escaparam do bom humor. Todo mundo no navio sabe que eu tô desembarcando. É prática comum ficar checando as listas de desembarque, mesmo quando você não está nela. Pessoal vem me dar os parabéns rindo, como se eu tivesse ganho algum prêmio. Sei lá, vai ver tem gente que nunca sai. Não duvido. No parapeito do navio ficam todos olhando o barco de troca de turma indo embora. Felizes pelos que foram e tristes por não estarem junto. Eles voltam meio que de cabeça baixa pra rotina.

Trabalhar no navio é legal e pretendo fazer isso por algum tempo ainda, mas às vezes comparo embarcar com comer um monte de pimenta. Você faz pelo prazer que o alívio vai te proporcionar depois.

Varejo Brasil

Ronaldinho e a calvície

Rapadura?

segunda-feira, 16 de março de 2009

21 graus

Desde que eu cheguei aqui, peguei uma obsessão por olhar a previsão do tempo diariamente, e por isso eu já sabia que a máxima prevista hoje para Paris era de 14°C. No entanto, contrariando a previsão, a temperatura chegou a inacreditáveis 21°C com um céu limpíssimo e um sol inacreditável!

Confesso que achei que a sensação térmica estava um pouco abaixo de 21°C e até chequei em mais de um relógio de rua, mas se os termômetros da prefeitura não ficaram doidos, o número é esse mesmo. Saí pela primeira vez sem calça térmica, só com um jeans, uma blusa e um casaco mais leve. Fantástico.

Pra ningém dizer que eu tô mentindo

Pessoas lagarteando no gramado perto de Invalides

Tatuagem com rótulo


No escritório não dá pra dizer, estou sempre vestindo camisa, todo formal e cheio de postura. Já no navio, quando estou malhando sem camisa ou me trocando com alguém perto fica claro: caramba, aquele cara ali tem uma baita tatuagem de dragão nas costas! Várias pessoas elogiam, me fazem perguntas ou ficam só olhando com curiosidade. É ate engraçado dar umas viradas repentinas pra trás quando estou caminhando no heliponto e pegando sol. A pessoa finge de um jeito esquisitíssimo que não tava encarando, só falta sair assoviando pro alto e tudo!

Não faço o tipo clássico de cara tatuado, na visão dos muitos clichês sobre o tema. Acho que isso confunde os rotuleiros de plantão. Sabe... não sou marinheiro, músico, Yakuza e por aí vai. Tenho pinta de pessoa que jamais faria isso, entende? Engenheiro branquelinho que usa óculos. Pessoa que usa óculos só pode ser estudiosa e careta, certo? Assim como nos filmes todo estudante/profissional asiático é super inteligente e meio excêntrico. A curiosidade geral passa a ser o porquê de um cara assim ter feito tatuagem. Já neguei ser punk, cultuar seitas esquisitas, ter fetiches envolvendo dragões ou ter prazer em sentir dor. "Não meu filho. Se eu pudesse escolher, o processo da tatuagem não doeria nadinha".

Ah! Lembrança sem nexo sobre o tema: quando estava passeando com a Maíra em uma das trilhas de Bonito (MS), mãe e filha vinham caminhando atrás de mim. Pelo sotaque elas eram paulistas. A filha curiosa e sem perceber que eu estava escutando perguntou pra mãe: “Olha mãe, aquele garoto ali tem uma coisa estranha desenhada nas costas. O que é aquilo?!”. Naquela didática simples, típica das mães, ela respondeu na lata: “É um lagarto pegando fogo minha filha”. Putz... coitadinho do meu dragão.

domingo, 15 de março de 2009

Femme au foyer

No Centro Educacional de Niterói não ensinaram. Na Escola de Comunicação da UFRJ também não, e muito menos no MBA em Marketing da FGV. Então por que diabos eu deveria saber passar roupa?

Tem coisa que dá pra tapear e não passar, tipo calças e blusas que acabaram de sair da máquina de secar e que vão ficar debaixo de várias camadas de casaco. Mas as camisas sociais de Rafael, caceta, que epopéia! Você passa um lado, passa o outro, passa a manga direita e todo o resto já amassou de novo. Aí você passa a manga esquerda e toda a camisa parece que ainda não viu o ferro. Infernal.

Agora, tem outras coisas que são moleza de fazer aqui. O sabão para lavar roupa, o amaciante e o sabão da máquina de lavar louça que eu compro vêm em doses individuais dentro de saquinhos hidrossolúveis que você coloca na máquina e pronto. Achei moderníssimo isso do saquinho se dissolver na água! Até disfarça um pouco a falta de glamour das atividades cotidianas.

Pois é. A vida em Paris também tem os seus revéses.

Sabão e amaciante

sábado, 14 de março de 2009

Meu iPhone

Nada não. Só pra mostrar que graça que é o meu novo brinquedinho... desculpem a chatice, mas é que eu tô perdidamente apaixonada pela modernosidade dele e já o enchi de aplicativos:

- Metro Paris pra me guiar nos transportes públicos, todos os transportes públicos

- Le Monde e 20 Minutes para notícias (tenho que ler em francês pra treinar, oras!)

- Pages Jaunes (páginas amarelas) e AroundMe (localizador de estabelecimentos comerciais)

- Paris Bouge (localizador de locais de noitada) e HearPlanet (localizador de locais turísticos)

- AlertezMoi (localizador de radares em toda a França, bom pra viagens)

- Conjugueur2 (conjugador de verbos em francês) e Translator (tradutor)

- Tetris (adooooooro!) e Sudoku

- Twenga (comparador de preços)

- Flashlight (aplicativo idiota que deixa a tela toda branca - ou a cor que você escolher - pra que o aparelho sirva de lanterna)

Mas tenho que confessar que ainda fico atrapalhada com o básico dele. Pra salvar um contato no telefone, eu acabo ligando pra pessoa por engano. E, sinceramente, a tela de envio de SMS também não é das melhores, já que ela não vira horizontalmente e daí o teclado fica meio apertadinho naquela tela vertical. Enfim, nada é perfeito.

Primeira tela

Segunda tela

O navegador Safari com o blog aberto. Metalinguagem? :-) E olha Bruno no fundo de tela do computador, atrás! Que saudades!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Atendimento ao cliente

Pode ser que eu tenha tido sorte, mas desconfio que os serviços de atendimento ao cliente aqui na França são muito melhores que no Brasil. Claro que a minha amostragem de contatos com empresas ainda é pífia, mas a porcentagem de satisfação é sem precedentes: 100%.


Explico. No final do mês receberemos Luiz e Dani, os primeiros hóspedes da Chez Pessurno. Eles compraram ingressos pro show do Metallica que vai ter em Paris e mandaram entregar aqui em casa, mas por algum motivo que desconheço o código eletrônico para entrar no prédio estava ligado durante o dia e o entregador não conseguiu entrar. A Dani viu no site do Fedex que o pacote havia voltado para a agência do Fedex porque o endereço estava incompleto, e eu mandei um email pra eles pedindo esclarecimentos. Meia hora depois – meia hora depois! – me ligaram do Fedex explicando a situação do código eletrônico e marcando uma hora hoje para entregarem os ingressos. E o entregador chegou no horário marcado. Fiquei chocada!

A outra situação em que eu tive que entrar em contato com um serviço de atendimento foi quando fiz uma compra na Amazon e depois de dois dias o pedido constava no site deles como entregue. Mandei um email pro site, respondido muito gentilmente em menos de duas horas, que esclarecia que o tipo de encomenda que eu tinha feito não precisava de assinatura no recebimento e solicitando que eu checasse com o zelador do prédio ou com algum amigo que pudesse ter recebido por mim. Pronto, pensei, bateram em qualquer porta e o vizinho roubou a minha encomenda. Depois de uma ida desesperada à agência La Poste mais próxima, na qual eles me confirmaram que a entrega já tinha sido feita mesmo, acabei descobrindo que existe uma caixa de correio maior na qual os carteiros colocam os pacotes que não cabem na caixa pessoal. Uma caixa sem chave, que qualquer um pode abrir, e o pacote estava lá intocado. Chocada, chocada.

Agora quero ver como funciona o atendimento ao cliente da minha operadora de celular, a Orange. Parece que a Bouygues, das três que operam aqui (Orange, Bouygues e SFR; tem MVNOs* como a Virgin, mas as operadoras mesmo são essas), teve seu serviço ao cliente eleito como o melhor das três. Ela deve demorar uma hora para resolver o problema do cliente e as outras devem demorar, sei lá, uma hora e meia. Se bem que, por experiência, não sei se operadoras de celular resolvem as coisas rapidamente em qualquer lugar do mundo que seja. Mas pode ser que eu tenha uma boa surpresa ou que o serviço deles seja tão bom que eu nem precise ligar. Tomara.

* MVNO é a sigla para Mobile Virtual Network Operator, que é, simplificando, uma operadora que tem uma marca mas não tem a infra-estrutura e/ou licença própria para fornecer serviço móvel, e usa os recursos de uma operadora que os tem. A Virgin Mobile é um bom exemplo desse tipo de prestação de serviço.

terça-feira, 10 de março de 2009

Conectada?

Voltei a ter uma forma de conectar em casa: estou escrevendo do meu novo iPhone. Até pouco tempo atrás eu estava com raiva dele, pois não achava de jeito nenhum a maneira de inserir o SIM card. Mas uma ligação internacional pro iPhone do André e eu descubro que tem um buraquinho micro que abre se você puxar com um alfinete ou algo do gênero, e toda a raiva foi embora. O troço é sensacional, muito bacana mesmo. Claro que eu demoro horas pra escrever no teclado dele, mas já estou pegando o jeito.


Tem feijão, mas acabou a laranja

Um dos meus mais novos passatempos é entrar nas diferentes lojas de comida que existem aqui na vizinhança. Descobri um frango ao limão que foi o melhor frango que eu já comi, alguns queijos e um azeite sensacional, entre outras coisas. Mas a descoberta mais pitoresca foi uma lojinha de produtos finos que tinha... feijão preto! Custa uns 5€ o quilo, mas tá valendo.

Fui fazer o feijão pra ver se presta, só que não tinha me dado conta de que eu não tenho panela de pressão, então o feijão demorou umas seis horas pra ficar pronto. Mas e daí? Pelo menos ficou gostoso. Até coloquei uma lingüiça pra fingir que era um paio! Claro que eu não sou profissional que nem o Alexandre, que fez uma feijoada em Madri televisionada pela TVE. Mas um dia eu chego lá.

Olha o produto final:


Ah! Um adendo só pra avisar que, se eu não responder emails ou recados logo, é porque estou sem internet em casa de novo e estou acessando do Starbucks. Ainda não tinham instalado a definitiva, mas eu estava mais tranquila por causa da conexão wi-fi (aqui eles falam “uí-fi”) da Orange. O problema é que ela não aparece mais como disponível na listinha de redes, então voltei à estaca zero e ainda perdi o dinheiro do acesso, que é pré-pago. Acho que eu ainda tinha uma hora e meia pra gastar, ou seja, aproximadamente uns 5€. Dava pra comprar mais de um quilo de feijão.

Berlim em fotos aleatórias

Pedaços do Muro na Potsdamer Platz

Cerveja Berliner

Fernsehturm, a torre de televisão que se vê de toda a cidade

Bonequinho do sinal de trânsito

O Apfelstrudel que caiu no chão (pelo menos foi no final!)

Cachorro descansando numa livraria

Cerveja degustada no bar russo perto do hostel

Um hostel boat (?) perto da East Side Gallery

Visita frustrada à Neue Nationalgalerie, que estava vazia e fechada

Recepção do hostel

segunda-feira, 9 de março de 2009

Quatro dias em Berlim

Só mesmo estando em Berlim para se dar conta do quanto de história tem lá, mesmo que boa parte da história que está refletida nas ruas da cidade seja a reconstrução ou a desconstrução do que um dia foi. Reconstrução de prédios, igrejas, monumentos ou bairros inteiros que foram bombardeados na Segunda Guerra. Desconstrução representada pelo Muro, que, derrubado, reunificou a Alemanha novamente em 1989, e hoje permanece lá invisível: uma linha cortando o chão da cidade e curtos pedaços preservados como relíquia histórica.

Uma das coisas que mais me impressionou foi justamente a questão do Muro, porque é uma história muito recente, uma história que eu vi acontecer pela televisão. Claro que na época eu não tinha a noção real do que era todo aquele fuzuê porque eu tinha nove anos de idade, mas ainda assim lembro de ver acontecer. É diferente de aprender uma história que aconteceu bem antes de eu existir, sei lá, me parece uma coisa mais real.


Mas chega de filosofia barata sobre a história. O fato é que gostei muito de Berlim. Estes quatro dias foram bem aproveitados em vários passeios e visitas bacanas.

Uma das coisas que mais gostei de fazer foi um “Free Tour” que estava anunciado no mapa que davam no hostel. É um roteiro gratuito a pé que na verdade não é bem gratuito: eles pedem que você dê seu preço no final se tiver gostado. Paguei com gosto, já que a nossa guia, a Gemma, explicou de forma bem bacana muitas coisas que teriam passado totalmente despercebidas. Senta que o post é longo, ou pula pro próximo :-)

O tour começa na Pariser Platz, de frente para o Brandenburger Tor, que é o mais importante portal de Berlim. Antes das guerras, era símbolo da paz, e depois da reunificação, se tornou o símbolo do nacionalismo alemão. Conta a guia que Napoleão, ao passar por ali, quis que o portal inteiro fosse levado para o Louvre. Convenceram-no de levar somente a estátua que fica em cima do portal, porque logisticamente seria meio complexo, pra não dizer insano, levar um portal daquelas proporções pra dentro de um museu.


Passamos em seguida ao lado do Reichstag, que é o Parlamento alemão. O prédio, um dos símbolos de Berlim, tem um domo de cristal que fica exatamente em cima da sala do Parlamento, e em dias de trabalho as pessoas podem ver os parlamentares lá embaixo trabalhando. A simbologia de tudo isso é que a democracia, simbolizada pelo domo de cristal, deve ser transparente, e que o povo é quem elege os políticos que ali trabalham, e logo estão acima deles. O tour não pára lá, então tivemos que voltar depois para subir no prédio.



Em seguida, passa pelo Holocaust-Mahnmal, um memorial aos judeus assassinados nos campos de concentração. É uma área grande, mais ou menos equivalente a um quarteirão, onde 2.700 pedras escuras de tamanhos diferentes se enfileiram, lembrando um cemitério. Bem impactante.


Andando mais adiante, chegamos ao local onde ficava o bunker onde Hitler passou seus últimos dias (bom pra situar quem já viu o filme A Queda). Este ponto não foi sinalizado para que não virasse um local de peregrinação de neo-nazistas ou coisa semelhante. Ao contrário, é um lugar completamente comum que foi aterrado e virou um estacionamento. Também passamos por um dos únicos prédios de arquitetura nazista ainda existentes na cidade, que não foi bombardeado – provavelmente porque os aliados queriam recuperar as informações ali guardadas, pois era uma espécie de ministério da aeronáutica nazi – e que hoje é sede do Ministério da Fazenda.

A parada seguinte foi no local onde ficava o Checkpoint Charlie, um dos pontos de passagem na fronteira entre o lado americano e o soviético do Muro.



Passamos pelo Gendarmenmarkt, onde há duas igrejas, a Französischer Dom e a Deutscher Dom, respectivamente locais de culto calvinista e luterano que mandaram construir no século XVIII para atrair população para a cidade, que na época estava meio sem gente por causa das sucessivas guerras que a Alemanha tinha o hábito de frequentar desde tempos remotos.

Depois, passamos pela Bebelplatz, onde ocorreu a grande queima de livros no regime nazi e onde hoje existe um memorial interessante sobre este evento: no meio da praça há uma espécie de biblioteca subterrânea vazia que pode ser vista a partir do nível do chão através de um tampo de vidro.


Dali, uma passada na Universidade Humboldt e chegamos na Ilha dos Museus, onde tem também o Berliner Dom, uma catedral protestante que foi o ponto final do tour.

Outros passeios interessantes: Nikolaiviertel, um pequeno bairro medieval reconstruído.


A Tacheles, galeria de grafite e arte alternativa na Oranienburger Strasse.



O Sony Center e o Museu do Filme que tem lá.



A Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche, uma igreja parcialmente destruída na Segunda Guerra e que foi mantida assim, parcialmente destruída, para não deixar ser esquecido o horror da guerra.



E, claro, não dá pra deixar de experimentar a maior quantidade possível de cervejas! Coisas estranhas da Alemanha também; por exemplo, pizza com pepino e pimentão vermelho (acreditem, eu comi isso!). Uma viagem muito bacana que provavelmente Rafael também vai querer fazer, apesar de já conhecer algumas cidades alemãs. Eu não vou reclamar nem um pouco de voltar lá, mas da próxima vez tem que ser numa época mais quentinha. Que na Alemanha faz ainda mais frio que na França, e isso foi a única coisa não legal na viagem.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Berlim

Aproveitando os voos low cost e as ótimas tarifas de hostels pela Europa, resolvi dar uma passeadinha por Berlim com a Cris. Por enquanto não deu pra conhecer muito bem a cidade porque já chegamos aqui de tardinha, mas fomos passear agora de noite no modernoso Sony Center e depois tomamos uma tradicional cerveja alemã acompanhada de salsicha, chucrute e batata num bar onde estava passando um jogo de futebol entre o Spantoltzerplatz e o Markstunigstfalöpz. Super alemão.

Mas já estou com saudades da França. Lá eu não entendo quase nada, mas é melhor que aqui, que eu não entendo absolutamente nada.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Insetos

Agora que reparei que, desde que cheguei aqui, não vi nenhum inseto. Nenhum, nem formiguinha. Será que é porque é inverno? No Brasil, formiga não respeita esse negócio de estação, não.

Acho que até as formigas francesas são mais sérias do que as brasileiras.

domingo, 1 de março de 2009

Paris by night

Sábado à noite, primeira saída em Paris: fui com Cid e Virginie para uma boate chamada Social Club lá pros lados da Bourse. O DJ era chato demais e a música idem, mas mesmo assim me diverti observando o comportamento das pessoas na noite parisiense. Algumas figuras são clássicas em qualquer lugar: o arroz-de-festa flanando em todas as meninas presentes, o tímido que fica no cantinho desejando ter a cara de pau do arroz-de-festa, o mauricinho que olha todo mundo de cima, o alternativo com camisa de banda que só ele conhece. Até aí, normal. Foram as diferenças de estilo e comportamento que me interessaram.


Pra começar, aqui eles não têm ritmo. Não têm, ponto. Algumas pessoas até dançam na batida da música, mas a maioria abstrai o que está tocando e inventa sua própria cadência, algo entre uma sacudida e uma tentativa de rebolado.

O jeito de se vestir de alguns é peculiar, já que certos meninos não largam de seus chapéus e certas meninas não abrem mão de suas echarpes nem mesmo numa pista de dança quente. E não vi ninguém suado, hein!

Também achei surpreendente a intimidade que as pessoas de um mesmo grupo pareciam ter entre si, já que cada hora que eu olhava, achava um novo par formado entre as mesmas pessoas. Do tipo: “Ih, a loirinha pegou o cabeludo. Não, acho que ela está com o ruivo. Ué, ela ta pegando a japa? Ah, não, acho que ela ta ficando com aquele outro cabeludo. Quem ta pegando o ruivo é a japa.” Na verdade, em nenhuma das interações vi beijo, então acho que na real ninguém estava pegando ninguém, o que é ainda mais curioso. Não que dançar com outra pessoa de forma, digamos, sensual, seja incomum no Brasil; só não achei que fosse comum na França. E de certa forma, é um tipo de sensualidade diferente, que aparenta um pouco forçada. Como contraponto, por exemplo, os espanhóis também dançam colado e às vezes são pares de pessoas que nem se conhecem entre si, mas isso lá me pareceu mais natural do que aqui. Ou talvez eu esteja viajando, sei lá.

Agora diferente mesmo foi andar do 2ème até o 7ème a pé às 03h30 da manhã sem medo de ser assaltada. Cansativo, mas impagável.