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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Cantadas

Franceses falam cantando. Principalmente frases curtas e saudações, como bonjour, merci, au revoir.

Dito isso, tenho que contar que essa semana eu literalmente recebi uma cantada de um grupo de bombeiros. Estava passeando numa rua aqui perto de casa com a minha mãe quando ouço um homem entoar um "Bonsoir..." super animado. Quando eu olhei, os três emendaram: "... nous sommes les pompiers!". Mas foi meio que assim: "BON-soiiiir... nous sommes les POM-pieeeeers!". Achei hilário, me escangalhei de rir.


Aliás, "se escangalhar de rir" é uma expressão genial.

Eu me escangalho de rir
Tu te escangalhas de rir
Ele se escangalha de rir
Nós nos escangalhamos de rir
Vós vos escangalhais de rir
Eles se escangalham de rir

Perdoem a digressão e a próclise. Estou dispersa hoje, deve ser o calor.

Então. Por aqui as pessoas ficam assim, engraçadinhas, quando o tempo começa a esquentar. Outro exemplo de hoje mesmo: fui de manhã levar mamãe no aeroporto e pedi no caixa do metrô um bilhete de ida-volta pro aeroporto Charles de Gaulle. A resposta do atendente: "Ah, que bom, você volta pra me ver!".

Cantando, claro.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Diálogos de noites com sol


Esse negócio de escurecer tarde pode criar umas situações meio surreais.

– Maíra, vamos logo, nossa reserva pro jantar tá marcada pra 20h30!
– Peraí, Rafael, só tô terminando de passar o filtro solar.

(...)

Bonjour!
Bonsoir, mademoiselle.
Bonsoir? Tá de dia.
Mademoiselle, são 21h.
– Ok, bonsoir. E é madame, tá?
Pardon.
– Você que começou.

domingo, 14 de junho de 2009

Notícias

Não, o psicopata francês não me matou. Aliás, ele até sossegou depois que eu mandei um SMS dizendo que eu tenho o número dele e que se ele continuar a me amolar eu vou prestar queixa à polícia. Em francês. Meu primeiro SMS em francês.


Mas nem era isso que eu ia contar.

A razão do meu sumiço é muito mais legal. Eu tenho passado os dias passeando por aí com a família Kimura, que não aguentou de saudades de moi e veio pra Paris. Oba! Bruno e Dani chegaram na sexta retrasada e mamãe e papai no dia seguinte, e em uma semana já fomos em praticamente todos os lugares turísticos da cidade. Pra melhorar, Rafael voltou de Angola na sexta! Com tudo isso acontecendo, acabei não tendo tempo pra escrever. Mas fotos virão em breve.

Papai foi embora ontem, e agora estamos no trem indo pra Marseille! Depois eu conto mais. Digitar no celular é meio chato.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

French Psycho

Já contei que eu tenho um personal psycho aqui na França? Pois é, tenho. O maluco manda mensagens quase todo dia, tipo umas três ou quatro seguidas dizendo que sente saudades. Pior que agora ele deu pra ligar. O celular estava fora de área, mas ele deixou um meigo recado psicopata dizendo que me ama. Já até fiz o que não devia e mandei mensagem pra ele pedindo pra parar, dizendo que é engano e que eu não o conheço, mas ele não tá nem aí. Continua declarando de forma frenética que sente saudades.

A Orange disse que não tem como impedir que ele me mande mensagens, o que é até razoável. Já a Apple não tem nenhum aplicativo de blacklist no iTunes, o que não é nem um pouco razoável. To quase fazendo jailbreak no iPhone pra baixar um app não oficial que bloqueia chamadas e SMS de determinados números.

Mas olha a trabalheira.

Cara chato.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Caca chez Paul

Lembra daquela propaganda da Glade na qual o menininho queria fazer cocô na casa do Pedrinho?


Então. Existe na França também, só que aqui o guri quer fazer caca chez Paul. Super globalizado.


segunda-feira, 1 de junho de 2009

AF447

A cobertura sobre o desaparecimento do voo Air France AF447 que vinha do Rio para Paris está bastante intensa por aqui, assim como deve estar no Brasil. A BFM TV está com edição especial o dia inteiro, e todos os sites de notícias estão dando destaque ao fato. Então informações não faltam, embora elas ainda estejam desencontradas no que diz respeito à quantidade de pessoas de cada nacionalidade que estava a bordo e, claro, sobre o que aconteceu ao certo.
Desnecessário dizer que todo acidente de avião é muito triste e causa uma grande comoção. Mas quando é uma coisa que poderia acontecer facilmente com a gente ou com alguém muito próximo, é um pouco mais chocante. Parece ao mesmo tempo mais real e mais surreal quando você se projeta naquilo. Do tipo. Eu e Rafael viemos nesse voo pra cá e vamos fazer essa rota mais uma vez esse ano. Bruno e Dani estão vindo na próxima sexta também nesse mesmo voo. Meus pais chegam no dia seguinte. Vários amigos nossos estão vindo visitar ainda esse ano. Puta merda, imagina se fosse com a gente ou com eles?

Melhor nem imaginar. Não sou muito de rezar nem de chorar por desconhecidos, mas hoje, vendo na televisão as expressões de tristeza e perplexidade dos familiares e amigos das vítimas, abri uma exceção.