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segunda-feira, 27 de julho de 2009

Bercy Village

A mais nova onda do momento aqui em casa é ir pra Bercy. Por que? Vamos lá:

1) Tem um cinema enorme do UGC que passa todos os filmes em cartaz que importam;

2) Tem vários restaurantes e bares bacanas;

3) As lojas de lá abrem domingo, e em dias de semana fecham tarde;

4) É bacana, com cara de cidade pequena;

5) Fica perto do Parc de Bercy e da Bibliothèque François Mitterrand (sobre os quais eu ainda tenho que falar aqui no blog).

E, pra completar, o lugar tem uma história boa de contar.

Bercy, no século XIX e começo do XX, era um entreposto de negociação e estocagem de vinho, e chegou a ser por um tempo um dos maiores mercados desse gênero no mundo. Todo vinho produzido na França chegava em Bercy; ali era engarrafado, rotulado, estocado, e dali era distribuído. No início do século XX foi perdendo gradualmente a importância em razão da maior autonomia no processo de produção que as vinícolas ganharam nessa época. Ou seja, com a produção descentralizada e cada um engarrafando, rotulando e distrbuindo seu próprio vinho, não havia mais necessidade de Bercy, e o então importante centro comercial ficou abandonado.

Foi só em 2001 que Bercy voltou à cena parisiense como um local digno de nota. Graças a um feliz plano de revitalização, hoje em dia há um complexo comercial bastante interessante na antiga área decadente.

Para chegar lá, a boa é pegar a linha 14 do metrô e descer na estação Cour Saint-Émilion.

A rua de pedestres de Bercy Village

O Nicolas tem um ótimo bar à vin no local, com preços convidativos

Interior da cervejaria The Frog

domingo, 26 de julho de 2009

Belfast e algumas confissões

Vou confessar uma coisa: a gente só foi pra Belfast porque a passagem de volta pra Paris era mais barata de lá; tão mais barata que valia a pena pagar a passagem de trem Dublin-Belfast e ainda sobrar dinheiro. E, bem, também porque não tinha mais hospedagem em Dublin no fim de semana por causa do show do U2, como eu já tinha comentado. Mas a cidade acabou sendo uma boa surpresa.

Belfast é ainda uma cidade dividida. A guerra civil agora é história e a pendenga entre nacionalistas (aqueles que defendem uma Irlanda única, sem o domínio da Inglaterra, predominantemente católicos) e unionistas (aqueles que defendem a união cultural e política com a Inglaterra, predominantemente protestantes) não é mais motivo para pancada, pelo menos não aquelas pancadas pesadas de antigamente. Hoje, existe lá o bairro nacionalista com as bandeirinhas da Irlanda, o bairro unionista com as bandeirinhas da Inglaterra e é isso aí. Cada um na sua.

Mas é claro que o passado sangrento é bem recente e isso ainda fica transparente pelas ruas de Belfast. Nos murais de Shankill, na parada do orgulho britânico que acontece todo ano, nas lembranças não comentadas da época em que o IRA literalmente bombava. Uma ilha, duas nações.

Shankill Road

Bandeirinhas britânicas

Mural em homenagem à Rainha

Mural em homenagem a Bobby Sands, militante do IRA que morreu numa greve de fome em protesto ao modo como tratavam os prisioneiros

Parada de bandas unionistas

Unionistas

No entanto, a história de Belfast tem outros tópicos interessantes. Um fato que eu desconhecia completamente é que o Titanic foi construído num estaleiro de lá! Diz-se que, após o célebre naufrágio, foram fazer uma investigação e perguntaram para os engenheiros que o construíram se poderia ter algo errado no projeto do navio. Eles responderam o seguinte: "O capitão era inglês, o primeiro oficial era escocês e o navio atingiu um iceberg. Nada disso estava sob nosso controle". Passamos de ônibus pelo dry dock onde ele foi construído, e deu pra ter uma boa noção do tamanho do negócio.

O Titanic foi construído aí

E aí eu tenho que fazer uma outra confissão: nós fizemos o tour de ônibus, aqueles tipo hop-on, hop-off. Sempre que eu vejo um desses ônibus aqui por Paris fico achando graça dos turistas, porque geralmente prefiro conhecer a cidade a pé e, além disso, o preço desses ônibus geralmente é meio abusivo. Mas dessa vez fizemos o tal tour, e, olha, foi bem interessante. Primeiro porque tínhamos só dois dias pra ver tudo, e segundo porque é bacana saber as histórias das coisas contadas por quem é do local. Daí, vimos quais eram os lugares mais interessantes e depois voltamos a pé pra explorar o que merecia ser explorado.

O City Hall e a Roda Gigante (guardadas as proporções, não lembra a London Eye?)

Parlamento

"The thing with the ring"

Clock Tower: ela é meio tortinha

St. Anne's Cathedral e o "palito de dente"

Crumlin Road Jail, onde ocorreu o último enforcamento no Reino Unido

The Queen's University

Jardim Botânico

Apesar de não ser tão animada quanto Dublin, tinha bastante gente pelas ruas e pelos pubs durante o fim de semana. No sábado, fomos almoçar num restaurante bem tradicional de Belfast, The Crown, um bar do século XIX em estilo vitoriano. A boa é pedir o ensopado de carne feito com Guinness. Hmmm...

The Crown

Fachada do The Crown

Dias em Dublin

“Deus criou a bebida no oitavo dia para impedir que os irlandeses dominassem o mundo”

Essa frase, lida numa camiseta, resume dois aspectos bem representativos da personalidade dos irlandeses: o senso de humor e o amor ao álcool. E não fosse o Luís Henrique ter resolvido fazer um curso em Dublin, eu ainda ia demorar um bocado para ir lá e descobrir que a cidade é uma das mais animadas e boêmias da Europa. Valeu, Luís! :-)

Chegamos em Dublin na terça-feira achando que era uma pena não termos conseguido hotel pro fim de semana (por causa do show do U2, nenhum dos hotéis que procurei tinha quarto disponível a partir de sexta). Mas a noite de Dublin é animada em qualquer dia da semana, e ao contrário de várias outras cidades européias, os pubs e boates fecham bem tarde. O resultado é que saímos todos os dias com o Luís pra tomar um pint em cada pub, e nessa brincadeira conhecemos vários lugares legais, principalmente na área de Temple Bar.

Temple Bar

The Bleeding Horse

DTwo Bar

Estátua em frente ao Bruxelles Bar

The Spire, o obelisco fálico da O'Connell Street

Rafael, eu (onde?), Luís e Richard num pub perto do Trinity College

Harcourt Street às 03h00 da manhã

Mas é claro que tem muito o que fazer durante o dia também. Como ficamos na Harcourt Street, que é bem central, deu pra fazer tudo a pé – mesmo porque a cidade é bem pequena.

O St. Stephen’s Green Park é um parque bonito e super bem cuidado. Não é muito grande e dá pra conhecer em pouco tempo.

St. Stephen’s Green Park

Vale também dar uma passada no Trinity College, cujo projeto arquitetônico foi concebido nos moldes de Oxford. Pelos bancos dessa universidade já passaram figuras como Oscar Wilde, Samuel Beckett e Bram Stoker.

Trinity College

A visita do Dublin Castle também é bem interessante. Na Idade Média, Dublin Castle era um castelo real fortificado, mas foi praticamente todo destruído por um incêndio em 1673. O castelo que existe hoje foi construído no século XVIII e era sede do governo britânico na Irlanda até 1922, quando a Inglaterra entregou oficialmente o prédio para o governo da então recém-criada República da Irlanda.

Dublin Castle

Interior do castelo

Uma das únicas torres remanescentes do castelo medieval original

Ao lado do castelo fica a Chester Beatty Library, que conta com duas exposições permanentes: "Artistic Traditions" e "Sacred Traditions". Ambas exibem textos e livros, manuscritos e pinturas antigas de diferentes culturas e religiões do mundo. Ali há, por exemplo, fragmentos de cartas escritas por São Paulo, manuscritos iluminados do Alcorão, textos japoneses de mais de mais de mil anos e um livro ilustrado pelo Matisse, só para citar alguns dos diversos tesouros da coleção. E, pra ficar melhor ainda, a entrada é gratuita.

The Chester Beatty Library

Livros

Não muito longe dali fica a St. Patrick’s Cathedral, a catedral do padroeiro da Irlanda.

Catedral por dentro

Catedral por fora

Outro passeio imperdível é a Guinness Storehouse. O prédio por si só já é sensacional, com seus sete andares em estrutura metálica e vidro na forma de um pint! A visita começa no primeiro andar com a apresentação dos ingedientes da cerveja, passa pelo processo de fabricação, pela história da publicidade da Guinness e por várias outras exibições relacionadas com o tema principal, tudo muito high-tech e divertido. O final do passeio é uma degustação no Gravity Bar, no último andar do prédio, de onde se vê praticamente toda a cidade de Dublin.

Advertising: "No beer comes near" e "Black is beautiful"

Degustação

Depois da chuva, um arco-íris!

"Vai na frente que eu vou com o tucano atrás"

Vale também ir ao National Museum of Ireland, que tem várias exposições relacionadas com a história da Irlanda. As mais interessantes são as das guerras e a do vestuário.

Soldado irlandês do século XVI

Vestimentas gaélicas

Pra completar, fomos no Phoenix Park, que é o maior parque da Europa. Mas andamos bem pouco por lá, porque só de saber que era o maior parque, deu preguiça. E também porque começou um temporal que só parou depois que a gente resolveu entrar num táxi, totalmente ensopados.

Wellington Monument no Phoenix Park

A única parte não muito agradável de Dublin é exatamente esta: o clima. Venta bastante, e quando para de ventar, chove. Aí a chuva para e começa a ventar de novo, e assim por diante. Mas vale a pena comprar um guarda-chuva ou uma capa impermeável, porque a cidade é surpreendentemente legal.

"The leprechauns made me do it"! Dublin, a gente volta!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Paris Plages

Começou hoje a Paris Plages, famoso projeto que a prefeitura de Paris lança todos os verões desde 2002. Este ano são três praias: a da Voie Georges Pompidou, a da Port de la Gare e a da Bassin de la Villette. Fui lá conferir a primeira.

A "praia" de mais ou menos 3 km se estende pelas margens do rio Sena, entre a Pont des Arts e a Pont de Sully. Com o slogan Un été solidaire (um verão solidário), a proposta da Paris Plages é proporcionar lazer e cultura para todos. No cardápio, atividades culturais e esportivas diversas para entreter parisienses e turistas, adultos e crianças.

E o povo aproveita mesmo. Hoje fez um baita sol e um calorzinho gostoso, e estava impossível achar uma espreguiçadeira ou cadeira livre. Qualquer cantinho, fosse na areia, na grama ou nos decks de madeira, estava cheio de gente lendo, tomando sorvete, bebendo cerveja, lagarteando.

Confesso que estava bastante curiosa para ver a tal da "praia" (não consigo chamar o lugar de praia, sem as aspas), e até que a idéia é bem bacana.

Mas praia, praia não é, né?

Voie Georges Pompidou

Academia?

Espreguiçadeiras no deck

Pra refrescar

Praia de grama

Praia de areia

Brasil!

A piscina

Aula de dança de salão. Destaque para as duas senhorinhas gêmeas de cabelo vermelho, que vestiam até roupa e bolsa igual