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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Paris

Eu espero que você tenha ido na época que eu enviei pro Rodrigo Bressane publicar. Mas se você não leu, vai aí embaixo o texto que eu escrevi sobre Paris no amigo oculto dos blogs que fizemos ano passado. Quando meu humor melhorar, novos textos aqui. Qualquer dia desses.
(...)

Quando te conheci, já tinha ouvido muito falar de você. Não me entenda mal, pois falo isso da forma mais respeitosa que se pode falar em relação a uma senhora de idade, mas é mundialmente conhecida a sua fama de sedutora. Tantos homens morreram por você, tantas guerras para te ter, tanta história dentro da sua história! Naturalmente, nosso primeiro encontro foi cheio de curiosidade e descobertas. Passamos juntas uma semana tão breve e com tantas perguntas ainda a responder que eu jurei visitá-la de novo um dia. Nunca é demais conferir pessoalmente o motivo de tanto encantamento.

Não é exagero dizer que você é cobiçada desde tempos tão antigos como, vamos dizer, a pré-história. Sua coleção de homens é longa, e cada um deles foi moldando seus contornos, sua personalidade, definindo quem você é: gauleses, romanos, merovíngios, carolíngios, capetos, valois e bourbons; reis, imperadores, plebeus e revolucionários. Tantas paixões que seria até indiscreto listá-los nome a nome.

Toda essa comoção, no entanto, não causa tanta surpresa. Basta te olhar de relance para perceber que, apesar de tantos anos passados, você continua linda. Sua beleza natural foi ainda reforçada ao longo do tempo por presentes de todos esses admiradores que você conheceu, fazendo com que o conjunto final, apesar de extravagante e um tanto quanto dourado, seja de tirar o fôlego de qualquer um. Um olhar mais apurado revela então muito mais sobre o fascínio que você exerce, pois aí descobrem-se todos os seus talentos. Você é a melhor, por exemplo, na arte, na gastronomia e na moda. Seus filhos falam uma língua que é pura poesia, e, ao contrário do que muitos dizem, podem ser pessoas gentis e até engraçadas – principalmente depois de algumas garrafas de vinho. Por tantas qualidades, sua fama é tal que milhões de pessoas no mundo inteiro sonham em te conhecer, e o brilho nos olhos delas quando o fazem é impagável.

Assim, na segunda vez que te encontrei já sabia um pouco o que esperar. Mas dessa vez a nossa relação era outra, pois pedi que você cuidasse de mim, que me acolhesse. E apesar de você também ser conhecida como uma senhora de nariz empinado, até um pouco esnobe, funcionou. Virei sua cria adotada; uma enteada que por vezes ainda estranha seus hábitos e alguns aspectos de sua cultura, mas que tem aprendido tanto sobre a vida com você que nem liga mais para seus poucos defeitos. Te escrevo hoje pra dizer o que você já sabe.

Paris, je t'aime.