Em Paris, basta olhar pra qualquer lado pra constatar que o francês é um consumidor voraz de literatura: sempre vai ter alguém com um livro aberto, independente do lugar e da situação. No metrô, incontáveis leitores, mesmo que o vagão esteja lotado e todo mundo esteja de pé. Pelos parques, principalmente nos meses mais quentes, gente lendo esparramada pelos bancos e gramados. Pelas ruas, gente que anda lendo e esbarrando nas pessoas. Já vi até gente que dirige lendo, olha que perigo! E onde há demanda, claro, há oferta: as bibliotecas, livrarias e sebos aqui são muitos e estão sempre cheios.
Numa breve e superficial análise histórica, podemos dizer que esse fenômeno tem origem lá na época da Revolução Francesa com as ideias de Condorcet sobre a educação popular. Segundo ele, todos deveriam ter acesso ao conhecimento de forma igualitária, pois a democracia só pode existir de fato num país se todos os indivíduos do seu povo – independente de raça, credo ou condição social – conhecem seus direitos. O coitado foi preso por discordar de outros pontos da doutrina revolucionária, mas seu legado foi a base para a criação da escola pública e gratuita na França; além disso, é a partir dessa noção geral de igualdade de conhecimento que foram instituídas ao longo da história recente várias políticas de incentivo à cultura.
Mas todo esse papo foi só porque eu queria mostrar uma placa muito legal que eu vi essa semana na rua:
Você tem fome de quê?: menu "gastronômico" de uma livraria