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domingo, 27 de setembro de 2009

Piquenique dos blogs

Eu adoro blogs. Adoro quando acho um blog legal e vicio nele, e leio todo desde o começo, e coloco no meus favoritos, e visito regularmente, e fico imaginando como é aquela pessoa que está por trás daquelas letrinhas no meu computador. Daí quando a Amanda convocou um piquenique de blogeiros de Paris, confirmei logo presença.

Chegamos no McDo da Porte Dorée ali mais ou menos pelo meio dia e fomos pro Bois de Vincennes. Dia lindo, nenhuma nuvem no céu, metade das árvores do parque naquele tom laranja-outono. E mais de meia dúzia de pessoas animadíssimas, muitas das quais ainda não se conheciam pessoalmente.

Tinha a Amanda, que já é amiga blogueira há um tempinho e que foi a idealizadora do evento. Ela faz mestrado em geopolítica e tem um blog que eu viciei de cara, o Petit Journal de la Porte Dorée. Com ela, o namorido Aurelien, francês gente boníssima. Eu já conhecia ambos pessoalmente, de cervejinhas e tentativas frustradas de jogar badminton em um dia de vento.

Tinha o Rodrigo Bressane, fotógrafo de Belo Horizonte visitando Paris que eu e o Rafa já tínhamos conhecido pessoalmente no dia anterior ao piquenique, mas que, pelo dia que a gente passou com ele, já virou amigo. Empatia de cara, mil afinidades, um papo que a gente não queria que acabasse; tanto que o almoço virou um café, que virou um sorvete, que virou um passeio pelos pontos turísticos do 7ème arrondissement.

Tinha a Mariana, do E não é que às vezes dá tudo certo?, que veio de Florianópolis pra Paris e hoje é mestranda de artes cênicas. Ela teve uma idéia muito legal de fazer um amigo oculto de blogs que consiste na troca de textos ao invés de presentes. Aguardem as próximas semanas.

Tinha a Aline Mariane, recém-chegada do Senegal, onde trabalha numa ONG que também tem sede aqui. As histórias que ela contou sobre a vida na África, que também estão no blog dela, o São Paulo-Paris-Dakar, são fantásticas!

Tinha a Lucy, do Caso me esqueçam, com o seu Camilo. Eles vieram de Lyon só pro piquenique, olha que honra! Ela, assim como eu, ainda está aprendendo francês pra definir o que vai fazer da vida aqui na França. Ela trouxe ainda dois amigos que moram por aqui.

Tinha a Bel, do C'est pas vrai, jornalista e mestranda em comunicação. A leitura do blog dela, que conta a vida em Paris e assuntos relacionados ao tema do mestrado que ela cursa – uma mistura de video games e arte digital – também é perigosa, porque pode viciar.

Tinha a Tania, bióloga e pesquisadora do Pasteur (chique, né?). No blog dela, o Água tem na carne, maionese é óleo, tem o cotidiano aqui em terras parisienses e relatos de viagens pela Europa.

Tinha a Ana, médica carioca visitando Paris, amiga da Bel e da Tania. No blog dela, ana só, fotos, literatura e reflexões.

Também tinha a Margareth, que não tem blog. Mas que devia ter, porque é uma pessoa super divertida e que conta histórias ótimas! Ela foi com o marido, o François.

Mariana, Margareth, amigo da Luci e Rafael

Rafa e eu, e o Camilo

François, Margareth e Mariana, e Amanda jogando badminton no fundo

Amigo da Luci, Camilo, Luci, Rafael, eu, Rodrigo, Aline, Tania, Ana, Bel, Margareth, Aurelien, Amanda, outro amigo da Luci

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

La Rentrée

Nessa altura do ano, o verbo do momento na França é rentrer. É la rentrée escolar, do cinema, literária, dos espetáculos musicais e teatrais, das atividades comerciais, de tudo. Isso porque em agosto acontece um êxodo veranil, e todo mundo sai da cidade pra só voltar em setembro e aí então de fato começar o ano. É que nem a gente com o carnaval, só que em épocas do ano diferentes.

Aí é aquela coisa: em Paris, faça como os parisienses – quando ameaçou chegar agosto eu fugi da cidade. E então hoje também eu fiz a minha rentrée, lamentando só ter ficado um mês no Brasil (que passou voando!) com pessoas que amo tanto, mas feliz por ter tido esse tempinho maravilhoso no meu país.

Na verdade, tecnicamente não sei se eu posso usar rentrer pra descrever a minha volta pra Paris, porque o francês tem verbos diferentes pra designar o retorno de uma pessoa, e cada variável pode mudar qual deles se deve empregar. Assim, eles têm revenir, retourner e rentrer pra diferentes situações. Funciona mais ou menos assim:

Revenir se usa quando dizemos que alguém vai voltar pro lugar onde estamos no momento. É como se fosse o verbo venir (vir), só que a pessoa de quem estamos falando veio, foi e "re-veio". Assim, se eu estou na França e quero dizer que Fulano foi pra Inglaterra mas está voltando pra França, eu digo que "Fulano va revenir en France".

Retourner se usa independente de onde está o locutor, de uma forma mais geral. É o mais parecido com a tradução "retornar", ou seja, a pessoa de quem estamos falando vai voltar novamente ao local onde ela estava. Assim, se Sicrana tem que ir na casa de Fulana depois de já ter estado lá recentemente, eu digo "Sicrana va retourner chez Fulana".

Rentrer é um pouco mais complexo, porque se refere a voltar pra um lugar, digamos, familiar; seja voltar pra casa depois de um dia de trabalho ou voltar pro seu país depois de ter viajado, por exemplo. Ou seja, é retornar pra algum lugar que signifique casa, seja literalmente uma casinha construída ou o lugar de onde somos. Assim, se Beltrano é do Brasil, passou um tempo na França e vai voltar pro Brasil, eu digo que "Beltrano va rentrer au Brésil".

Mas é claro que isso é uma simplificação; esses são apenas alguns dos vários significados de cada verbo. Retourner, se não me engano, também pode ser usado pra descrever a devolução de alguma coisa. Rentrer é usado nesse sentido aí de retomar uma atividade que ficou parada durante as férias e que vai ser recomeçada porque eles voltaram pra casa. Ou vai ver não é nada disso; eu não sou nenhuma especialista em francês, convenhamos.

Dessa forma, rentrer não é bem o verbo apropriado agora. Ele tem muito a ver com o sentimento de casa, e apesar das minhas coisas estarem aqui, aqui não é a minha casa definitiva. A minha casa ainda não existe. A minha casa vai ser no Brasil. Aí sim eu vou rentrer de verdade.