Páginas

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Então bonne année


Feliz ano novo pra todos! Daqui a três dias estaremos de volta a Paris e o blog volta à ativa (se eu não me matar por causa do frio)!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Obrigada pela mãozinha, Henry!

As minhas lembranças de infância são um pouco fragmentadas, mas eu lembro vivamente dos momentos dramáticos. E um desses momentos foi quando, nas quartas-de-final da Copa do Mundo de 1986, a França eliminou o Brasil por 4 a 3 nos pênaltis depois de um empate de 1 a 1. Eu chorava muito, dizia que odiava a França e os franceses e prometi que nunca, jamais, pisaria na terra dos desgraçados que eliminaram a minha seleção.

O tempo passou. E na final da Copa de 1998 aconteceu a nossa infame derrota pra França, que embora não tenha causado nada parecido com a choradeira de 86, foi motivo pra muita revolta e algumas lágrimas. Veio o mundial de 2006 e perdemos de novo nas quartas-de-final pros bleus. Desânimo.

O tempo passou de novo. Eu traí a promessa que eu fiz aos cinco anos e fui morar em Paris, de onde acompanhei a performance ridícula da França nas classificatórias para a Copa de 2010. Foi só no último jogo da repescagem, contra a Irlanda, que eles conseguiram a vaga no mundial, e mesmo assim foi controverso, já que todo mundo – menos o juiz – viu que o Henry deu uma ajeitada descarada na bola com a mão antes de cruzar pro Gallas marcar o gol da vitória.

Henry dando uma mãozinha no lance. Foto da Agência EFE.

Acho que eu não era a única brasileira torcendo pra França se classificar para a próxima Copa. Os motivos obviamente são escusos: vingança. Tenho fantasiado com fervor uma nova final entre a nossa seleção e a deles, e na minha mentalização é claro que e gente vai ganhar. E eu vou estar lá, comemorando na Champs Elysées com a minha camisa verde e amarela, fazendo festa e zoando com a cara de poste dos franceses. Posso acabar levando porrada, já que um grito preso na garganta por vinte e quatro anos vai me fazer ficar muito abusada, mas tudo bem, eu apanho feliz.

Vai acontecer, vai acontecer.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Le nom du film

Eu queria que alguém me explicasse por que tantos filmes que entram em cartaz na França mantêm o nome original em inglês. Não tenho estatística oficial, mas o meu palpite é que mais ou menos metade dos títulos, se não mais, vai pro cinema sem tradução. Pra um povo que em tese é meio anglófobo, isso é um tanto quanto estranho.

Só pra citar alguns exemplos dos últimos meses:

Girlfriend Experience
The Reader
Inglorious Basterds
Whatever Works
Public Enemies
The Other Man
Looking for Eric
Sunshine Cleaning
Dancing Girls
The Pleasure of Being Robbed
Good Morning England
Fish Tank

E o mais bizarro: Very Bad Trip, nome de batismo "francês" para o filme The Hangover (em português, Se beber não case).


Enfim. Whatever.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mozart L'Opera Rock

Dizem que pra ajudar no aprendizado do francês a gente deve ver bastante televisão francesa, meio que pra ir assimilando por osmose a maneira de falar deles. Eu faço isso bastante, mas às vezes fico com uma certa preguiça de prestar atenção e coloco no canal de clips.

Dia desses eu me peguei, sem perceber, cantando junto com o artista da televisão uma música que eu não sabia que sabia, e descobri que eu gostava muito dela. Era L'assassymphonie, do musical Mozart L'Opera Rock. Fui pesquisar e me choquei mais uma vez ao perceber que eu conhecia mais umas duas músicas do espetáculo, e aí eu decidi que ou eu ia ver ou eu ia ver. Fui.

O musical conta, como o próprio nome já deixa claro, a história do Mozart. É em francês, mas dá pra entender bastante coisa; no entanto, os diálogos são secundários, e os pontos altos são os números musicais. Verdade que o ator que faz o Mozart não canta muito bem, mas não chega a prejudicar o conjunto, pois na hora dos hits o povo canta junto e nem presta muita atenção ao aspecto técnico da coisa.

E tudo é muito grandioso, alegre, colorido, pirotécnico. É um espetáculo, mesmo.

domingo, 8 de novembro de 2009

Je ne suis pas là


Não, eu não estou em Paris no momento. Vim curtir um calorzinho na cidade natal, e enquanto todo mundo reclama do bafão que está fazendo aqui na primavera, eu fico feliz da vida, suando, pensando que seria pior passar friaca no outono parisiense.

Só que eu já tinha alguns textinhos mais ou menos prontos pra colocar no blog, e também vou reeditar algumas viagens que fiz antes de morar em Paris. Então, embora eu não esteja lá (e por , eu quero mesmo dizer , porque em francês pode significar , mas também pode significar aqui), o espaço não vai ficar totalmente abandonado. Deem uma passadinha de vez em quando :-)

E para os da terrinha, me avisem quando tiver alguma coisa legal rolando, porque eu to louca de vontade de rever todo mundo!

sábado, 7 de novembro de 2009

Montanhas Atlas

Já que estávamos em Marrakech, resolvemos conhecer a região das Montanhas Atlas, que fica mais ou menos perto de lá.

A primeira parada foi numa loja berbere que, em tese, vendia produtos mais baratos que os de Marrakech. Só que os preços eram bem absurdos, e acabamos nem comprando nada.

Depois paramos em Sitti Fatma, onde fizemos uma trilha morro acima para ver uma cachoeira. Estava meio frio, mas mesmo assim tinha gente mergulhando.

Sitti Fatma

Tem uma maluca na cachoeira de roupa!

Cachoeira vista de cima

Refrigeração marroquina

Tapetes em Sitti Fatma

Também fomos no Jardin du Safran, onde há uma grande plantação de açafrão. Pena que ainda não estava na época das flores...

Jardin du Safran

Pra terminar, passamos numa loja de uma cooperativa Argan, onde é possível ver mulheres da região quebrando as nozes de argan para fazer óleo e diversos outros produtos derivados.

Cooperativa Argan

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pra lá de Marrakech

Antes de começar a falar de Marrakech, eu queria dizer uma coisa. Eu sou, sim, uma pessoa relativamente fresca. Mas também sou flexível e safa, e há que se considerar que eu sou cria da ECO e fui a todos os ENECOMs organizados durante o meu tempo de faculdade, ou seja, se tiver que passar perrengue, eu passo.

Dito isso, vou contar sobre a nossa recente viagem pra Marrakech.

Pra começar, uma escolha equivocada no planejamento fez com que ficássemos hospedados no pior lugar da cidade, a Medina. Escolhemos um hotel lá porque o centro histórico da cidade é quase sempre o melhor lugar para ficar, já que os principais pontos turísticos costumam estar nele. Só que, aparentemente, essa regra se aplica a cidades européias; não a cidades de uma forma geral.

A Medina é um labirinto de ruas e becos sujos e mal iluminados, e apesar das coisas serem razoavelmente próximas umas das outras, é extremamente difícil achar o caminho; então, 70% do tempo a gente passou se perdendo. Mapa? Esquece. As ruas não são sinalizadas, e vários dos bequinhos nem aparecem na geografia oficial, ou seja, pra saber pra onde ir é preciso perguntar a um nativo. Só que o nativo cobra até pelo bom dia que dá, e qualquer informação deve ser acompanhada de uma gorjetinha.

Andar de táxi também é uma aventura, já que os motoristas tentam cobrar muito mais do que a corrida vale (não pode dar mais que 20 dirham dentro da cidade), e ainda vão parando pra todos que fazem sinal, enchendo o carro de gente.

Eu entendo que o Marrocos é um país pobre e que o turismo é uma grande fonte de lucro para eles, e que pra quem ganha em dólar ou em euro não é nenhum drama dar um trocadinho em dirham, a moeda local. Mas a obrigação, quase coação, incomoda, sabe? Parece que as pessoas já olham pra você com cifrõezinhos pulando dos olhos.

Mas enfim. Tem a parte boa também.

Apesar de mal-conservados, os prédios históricos são bem bonitos. Destaque para as Tombeaux Saadiens, um dos últimos resquícios da dinastia saadiana que vigorou em Marrakech nos séculos XVI e XVII. O mausoléu, que guarda os restos mortais do sultão Ahmed al-Mansur Saadi e de toda a sua família, só foi redescoberto em 1917.

Tombeaux Saadiens

Mosaicos das Tombeaux Saadiens

Também vale a pena conferir os mosaicos e jardins do Palais Bahia, um palácio construído no século XIX para abrigar o harém do grão-vizir Ba Ahmed Ben Moussa.

Palais La Bahia

O minarete da Koutobia, que se vê de praticamente toda a cidade, é um dos símbolos de Marrakech. Não-muçulmanos não podem entrar na mesquita, mas ao redor dela tem um jardim bacana e algumas escavações arqueológicas em exposição.

Koutobia

Koutobia de novo, lá no fundo

Do terraço do riad

E aí tem a praça Djeema El-Fna e toda a sua confusão de cores, aromas e sons. E quando eu digo confusão, é exatamente isso que eu quero dizer: o colorido das frutas expostas misturado com o cinza da fumaça das barracas de comida; o cheiro de churrasquinho e chá de menta misturado com o das especiarias; música dos artistas de rua misturada com o barulho das milhares de motos que cruzam a praça.

Djeema El-Fna

Djeema El-Fna de cima

Nas extremidades da Djeema El-Fna começa o labirinto dos souks, os mercados cobertos – ou camelódromos, vamos deixar de rodeios – onde se vende de tudo. Roupas, tênis, artesanato, bijuterias, prataria, tapetes, qualquer coisa que se imagine tem ali. Provavelmente tudo falsificado, naturalmente, e com o preço lá nas alturas pros bobos dos turistas. Não pergunte o preço de nada se não quiser realmente comprar, porque depois desse contato inicial o vendedor vai te perseguir, barganhar, chorar e fazer da sua vida um inferno até ele conseguir fazer a venda.

Souk

Mais afastado do centro da cidade fica o Jardin Majorelle, um jardim botânico construído pelo pintor Jacques Majorelle e posteriormente comprado e aberto ao público pelo estilista Yves Saint Laurent e seu parceiro Pierre Bergé. Os azuis, amarelos e laranjas vivos se fundem com a arquitetura de toques marroquinos, resultando num lugar único, lindo e muito tranquilo.

Jardin Majorelle

Jardin Majorelle

Também afastado da cidade fica o Palmeraie, onde todos os resorts de luxo se instalaram. Os astros de Hollywood amam a cidade porque eles se hospedam ali, bem longe do burburinho da Medina e perto das palmeiras, camelos, campos de golfe e champanhes. Quando eles ficam assim, pra lá de Marrakech, é fácil gostar de lá.

Camelos

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ainda o amigo oculto

Eu finalmente mandei meu texto sobre Paris pro Bressane! Já tá no blog dele.

Vai lá ver! :-)


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Outono em La Défense

É o prenúncio do inverno. Mas é bonito demais.




segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A Paris da Tânia

Lembra um amigo oculto que eu comentei quando escrevi sobre o piquenique dos blogs mês passado? Pois é, está rolando, e agora chegou a nossa vez.

Mas vamos voltar ao começo dessa história.

A Amanda, do Petit Journal de la Porte Dorée, tirou a Luci, do Caso me Esqueçam, que tirou a Aline Mariane do São Paulo-Paris-Dakar, que tirou a Ana do ana só, que tirou a Mariana do E não é que às vezes dá tudo certo?, que tirou a Tânia do Água tem na carne, maionese é óleo, que tirou a gente, que tirou o Rodrigo do bressane blog, que tirou a Bel, do C'est pas vrai, que tirou a Amanda.

Atualização (09/12/09): Os links acima já levam direto ao post específico escrito pelo amigo oculto de cada um, exceto o da Bel, já que a corrente quebrou no penúltimo post.

Então, sem mais delongas, eis Paris segundo a Tânia.

***

Quando vim morar em Paris já conhecia a cidade. Já sabia o quanto ela era bonita, já conhecia a imensidão e praticidade do seu metrô e já tinha ouvido muita gente dizer que era muito bom morar aqui. Mas nada disso me deixou menos surpresa com esta cidade maravilhosa.

Antes de vir para cá nunca tinha morado fora do Rio. Eu tinha o desejo de viver um tempo fora porque achava que seria uma experiência de vida importante. Achava interessante descobrir como é a vida numa cultura diferente e aprender a me virar num lugar distante. Além disso, eu sabia que trabalhar num laboratório de « Primeiro Mundo » era essencial para minha carreira profissional (trabalho em laboratório de pesquisa na área de biologia). Mas a verdade é que eu nunca tinha realmente imaginado minha vida fora do Rio. Sei lá, eu estava tão acostumada com a cidade que não conseguia me ver morando em nenhum outro lugar. Também não conseguia ver minha vida sem ter meus amigos por perto. Sem nossos almoços juntos no fim de semana, encontros na piscina do prédio ou sem nossas sessões de jogatina (não, não temos um cassino ilegal. Jogamos jogos de tabuleiro. Inclusive, quem se interessar é só falar que combinamos uma jogatina. Os amigos ficaram no Rio mas a casa aqui está cheia de jogos. Não é Jogo da Vida, Banco Imobiliário nem War; mas jogos bem diferentes de estilos e temáticas variados).

Enfim, o fato é que eu pedi a bolsa, ganhei e aí não tinha mais jeito: tive que tomar coragem e vir. No início deu um desespero . Era difícil compreender como cada coisa funcionava. Eu sabia que os franceses eram « carrés », mas nunca imaginei o tamanho da burocracia francesa. Uma das coisas que aprendi aqui é de nunca jogar nenhum papel fora pois alguém sempre vai te pedi-lo depois. Mas as coisas foram se acertando e eu fui me apaixonando cada vez mais pela cidade e pela vida aqui. Tem coisa mais gostosa que voltar de bicicleta à noite para casa? Dá uma sensação de liberdade inexplicável. E a quantidade de eventos como Nuit Blanche, Journée du Patrimoine, Fête de la Musique, etc?

Hoje tenho dificuldade de me imaginar saindo daqui. Sei que ano que vem volto pro Rio, mas não sei mais por quanto tempo ficarei por lá. Talvez volte pra Paris, talvez vá pra outra cidade, em outra parte do mundo, talvez fique no Rio mesmo. O fato é que Paris me mostrou o quanto é bom descobrir o mundo. Obrigada, Paris.

PS. Nossa, foi mal pelo final cafona.


***

Já estou terminando o post a ser publicado no blog do Rodrigo. Passem lá! E não deixem de visitar também os outros blogs que participaram da brincadeira. Tá todo mundo aí do lado na nossa listinha de blogs amigos.

E que venham outros eventos!

domingo, 25 de outubro de 2009

Honestidade

Na Alemanha, os políticos já se assumem no nome do partido.

Acho digno.


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Conto de fadas

Era uma vez um excêntrico rei chamado Ludwig II. Filho de Maximilian II, ele passou boa parte de sua vida frequentando Hohenschwangau, um castelo neogótico do século XIX que seu pai mandou reconstruir sobre as fundações de um castelo fortificado da Idade Média. Ludwig curtia Hohenschwangau, mas quando virou rei, achou que deveria ter um castelo pra chamar de seu.

Hohenschwangau

Ludwig tinha visitado a Turíngia em 1867 e tinha gostado muito de um castelo chamado Wartburg. Assim, pediu ao arquiteto Christian Jank que fizesse um projeto baseado naquela construção, mas que fosse ainda mais imponente. Começava assim a ser erguido o então Neue Hohenschwangau na montanha ali do ladinho do castelo de seu pai. O ansioso rei comprou uma luneta e ficava em Hohenschwangau acompanhando a construção da casa própria.

Neuschwanstein

Pátio interno

Marienbrücke, a ponte de onde se tem...

... essa vista

O soberano não se ligava muito em política; preferia a arte, a música e a natureza. Também tinha grande respeito e admiração pela Idade Média, e quis que sua nova casa tivesse referências a todos os seus interesses. Assim, o castelo foi sendo construído e decorado de forma bastante espalhafatosa, com pinturas idealizando a época medieval, quadros renascentistas, esculturas de cisnes, um lustre dourado enorme em forma de coroa e até uma surreal gruta artificial.

Mas o destino reservava para o rei uma reviravolta. Por causa da construção de sua extravagante morada, o Estado foi praticamente à falência. Decidiu-se então que o rei estava louco e o depuseram. Após seu isolamento no Castelo de Berger, Ludwig teve pouco tempo de vida: ele e seu médico foram encontrados afogados num lago. Ainda se especula sobre as condições misteriosas de sua morte.

O castelo do rei foi então renomeado Neuschwanstein, e algum tempo depois serviu de inspiração para que um senhor chamado Walt Disney construísse no distante reino da América um castelo para a Bela Adormecida, que por sua vez serviu de modelo para o da Cinderela.

E todos viveram felizes para sempre.

Fim.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Munique, capital da Oktoberfest

Primeiro dia em Munique. Estávamos nós na Marienplatz bebendo uma cerveja e comendo uma salsicha com chucrute quando, de repente, vejo um cara segurando uma placa de Free Tour, o mesmo tour que eu fiz em Berlim. Terminamos a refeição e nos juntamos ao grupo.

O lance desses tours gratuitos é que eles não são exatamente gratuitos: os guias pedem que você deixe uma gorjeta se gostar do passeio, no valor que quiser. E no final você deixa, porque vale a pena.

Então. Saímos da Marienplatz e fomos em direção à Frauenkirche, uma igreja gótica – oh, que surpresa! – do século XV que foi bastante bombardeada durante a Segunda Guerra. Conta a lenda que o Diabo em pessoa visitou essa igreja quando ela estava sendo construída e fez um acordo com o responsável pela obra: se ele não colocasse nenhuma janela no prédio, Sua Malvadeza garantia que a obra terminaria em no máximo vinte anos. Só que o construtor era malandro e mandou fazer as janelas mesmo assim, e, para enganar o Diabo, colocou colunas que estrategicamente as escondiam do ponto de vista de quem entra na igreja. Quando o Diabo voltou para ver se o acordo havia sido cumprido, acabou descobrindo a malandragem do construtor e ficou tão bravo que bateu o pé no hall de entrada da igreja e ali deixou uma marca para sempre.

Frauenkirche

Teufelstritt, a pegada do Diabo

Passamos por várias outras igrejas, mas entrar durante o tour, só entramos mesmo na Frauenkirche. Nas outras, como a Michaelskirche e a Peterskirche – que tem uma torre de onde se vê toda a cidade –, entramos nos dias seguintes.

Michaelskirche

Peterskirche

Vista da torre da Peterskirche

Marienplatz de cima

Outro lugar bem interessante por onde o tour passa mas não entra é o complexo da Residenz, onde moravam os reis da Baviera. Tem um bilhete conjunto com o qual se pode visitar o palácio, o lindo Cuvilliés-Theater e o Tesouro, onde há, entre jóias e coroas, uma bizarra coleção de relíquias com pedaços dos corpos de vários santos (sim, é isso mesmo, pedaços dos santos... tem mão, crânio, fragmentos de ossos, uma beleza).

Quarto do palácio

Cuvilliés-Theater

O guia também mostrou vários memoriais homenageando judeus e várias pessoas que lutaram contra o nazismo, além de diversos marcos relacionados a essa época tão absurda da história. Munique tem essa era gravada em cada rua, em cada prédio, em cada canto; era chamada a capital do movimento nazista.

Mas vamos falar de coisas mais alegres. Hoje, Munique é a capital da Oktoberfest, e nós estávamos lá na hora certa. Então, acabamos de ver a cidade e começamos outro tour ainda mais divertido: o dos bares, chamado Beer Challenge. Foram dois bares e um jardim de cerveja, e pra fechar com chave de outro, a Oktoberfest.

Jardim de cerveja da Augustinerbräu, "provavelmente a melhor cerveja do mundo" segundo o nosso guia

A cerveja que o Papa bebe vem num barril

Tenda da Hacker-Festzelt

Pessoal que fez o tour com a gente

A câmera também estava bêbada

Como já chegamos lá meio tortos no primeiro dia, resolvemos voltar no dia seguinte sóbrios pra entender melhor o que é a festa. Claro que o estado de sobriedade não durou muito tempo, mas tudo bem, deu pra pegar o espírito da coisa.

A Oktoberfest é um grande complexo de tendas de diversos fabricantes de cerveja. Também tem barraquinhas de comida e brinquedos de parque de diversões. Muitas pessoas se vestem com trajes típicos alemães; trajes estes que, segundo uma local com quem conversei, podem chegar facilmente a custar 600 ou 700 euros!

As canecas são todas de 1 litro, e, segundo a tradição, não é pra dividir com ninguém. Provavelmente por esse motivo, todo mundo fica muito sociável e em cinco minutos de conversa já vira seu amigo de infância, ou seja, na Oktoberfest o estereótipo de alemão sisudo não se aplica. E como as mesas são grandes e coletivas, a gente acaba conversando, brindando, cantando e dançando em cima do banco com bastante gente.

Eles avisaram: "A mesa vai voar!"

Eu e a local

Hein?

Elas são fortes


"Quer ver eu dar um soco na cara do meu amigo?"

Aliás, uma coisa que eu não sabia bem era essa história de ter ou não que reservar uma mesa. Fomos num espírito de "vamos ver no que dá", porque antes da viagem nos disseram que, pra ir na Oktoberfest e beber sentado, só reservando meses antes. Isso é parcialmente verdade. Algumas tendas realmente não te deixam entrar se você não tiver uma reserva, mas várias não têm essa restrição. É claro que não vai ter nenhum lugar vago e muita gente vai estar bebendo em pé, mas é só prestar atenção que você logo vê alguém levantando e aí é só sentar. Lá é assim: levantou, perdeu o lugar.

Independente da tenda em que se vá, a cerveja é ótima. Isso se deve à Reinheitsgebot, a Lei da Pureza de 1516 que determina que toda cerveja produzida na Bavária tenha em sua composição somente três ingredientes: água, cevada e lúpulo. Mais tarde foi acrescentado o fermento na equação, mas mesmo depois que a lei caiu, os fabricantes bávaros continuaram seguindo a fórmula. O resultado disso é que a cerveja de lá não dá ressaca. É sério. Palavra de quem bebeu quatro litros em um dia e no dia seguinte acordou só com sede.