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sábado, 13 de fevereiro de 2010

Cartazes no navio - Parte 1: Ferramenta de ajuste e reset para engenheiros

Estou fazendo uma coletânea de cartazes extremamente elucidativos e didáticos aqui do navio. Pra começar a série, vai um cartaz falando sobre esta ingrata profissão para a qual estudei que nem condenado.


Tradução

Instruções para o uso:

a) Localize o engenheiro que criou a situação
b) Segure firmemente o lado A da ferramenta com ambas as mãos
c) Inicie contato extremo com o lado B da ferramenta na cabeça do engenheiro até que uma das três condições abaixo torne-se aparente:

A. Linha de pensamento condiz com a realidade;
B. Engenheiro admite que cometeu um erro;
C. Engenheiro percebe que soluções não-calculadas podem funcionar.

Quando uma destas três condições acontecer, PARE! O engenheiro foi resetado!

Limpe cuidadosamente a ferramenta e retorne-a a seu depósito até que seja necessária novamente. Retorne o engenheiro ao seu local de trabalho e faça-o proceder de forma normal.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Livro muito bom sobre embarcados

Querem ouvir histórias hilárias sobre a vida de embarcado? Comprem esse livro: Don’t tell mum I work on the rigs, she thinks I’m a piano player in a whore house, do Paul Carter. Traduzindo: Não conta pra minha mãe que eu trabalho embarcado, ela pensa que eu sou pianista num puteiro. Pelo título dá pra imaginar o que vem pela frente, não dá?


Comprei esse livro em Aberdeen, a Macaé escocesa, e quando comecei a ler não conseguia parar de rir. Até acredito que o cara tenha inventado algumas coisas ou incorporado histórias de outras pessoas. Sabe aquele amigo que diz ter pego várias modelos enquanto bebia vinte litros de cerveja sem ficar bêbado e que além disso já fez Rio-São Paulo de carro em duas horas? Então, esse mesmo.

Mas se o que importa pra você forem as histórias e não os meios, então saiba que elas são muito boas. Que eu me lembre, os únicos livros que tinham me feito rir sozinho do jeito que eu ri nesse foram os do Asterix.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Engrossando o pescoço


Marcar qualquer atividade comigo em Paris tem sido um problema. Nas longas e fantásticas semanas de embarque nessa indústria vital, fica difícil prever quando e em que estado chegarei em casa para comparecer aos vários rendez-vous.

Sou achincalhado por família, amigos e esposa, que frequentemente vão sem minha presença a viagens, jantares e B52s (drink ótimo!). Por falhas na comunicação, já teve amigo que foi pra Paris ficar na minha casa e sequer me viu lá. Maíra se responsabilizou pelos entretenimentos e parcerias nos passeios. Ah, e já empatei o meio de campo de um casal em lua de mel também! Oferecemos o apê, que deveria estar vazio, mas cheguei bem no meio da temporada de caça. Pelo menos dei boas dicas de comida congelada.

Sempre chego mais tarde e parto mais cedo do que pensava, então tudo tem que ser agendado momentos antes da partida começar, já com transmissão ao vivo no local. Num continente que valoriza justamente a antecedência (quem nunca escutou que passagens de avião, trem e reservas de hotel ficam mais baratos quando comprados meses antes?), não ter como passar o calendário é motivo de atritos.

To pensando em desistir de colocar datas. Acho que a partir de agora vou trabalhar com estações do ano. Vejam esse exemplo de roteiro:

Suplicante: Rafa (no diminutivo, porque ainda rola carinho aqui), quando você embarca?
Embarcado: No começo do inverno.
Suplicante: E quando você volta, Rafael (perceberam a sutil diferença)?
Embarcado: No meio da primavera.
Suplicante: Sem dia especifico fica difícil, tava querendo marcar uma parada. Quando posso reservar?
Embarcado: Pro verão, quem sabe. Ou não...
Suplicante: Confirma então quando você chega com seu chefe.
Embarcado: Pode deixar, vou tentar (sabendo q nuuunca arrancarei essa informação dele). Mas é melhor jogar a reserva um pouco pra frente... só pra garantir. Vai naquele site "last minute reservation" e vê o que dá pra fechar.

Mas não tem nada não, tem que levar na esportiva senão pira na batatinha. Sabia que ia ser pedreira trabalhar embarcado na África, mas o aprendizado tá sendo muito legal. Com certeza a agitação de estar onde as operações de fato acontecem vai me deixar com o “pescoço grosso”, como dizia um colega lá do Norte, e isso na engenharia é muito valorizado.

Daqui a um tempo, tipo quando eu me aposentar, isso tudo passará e ficarão apenas os frutos... e sequelas desses anos engrossando o pescoço, no bom sentido. Tomara que não dê torcicolo.