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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Rastreamento de encomendas na França

Eu tenho que confessar que não sou fã dos serviços aqui da França. Essa cisma que eles têm de fazer tudo por carta é super irritante, nada eficiente e extremamente anacrônica. Só pra dar um exemplo básico, outro dia eu estava fazendo uma compra pela internet e precisava confirmar a operação digitando um código que eu receberia por SMS. O problema é que eu não tinha celular na época em que abri a conta, então eles não tinham o número pra mandar a mensagem. Fácil de resolver: é só entrar no site do banco e cadastrar, certo? PÉÉÉM! Errado! Tem que entrar no site do banco, baixar um formulário em PDF, preencher à mão, enviar pelos correios, esperar uns dias até receber a confirmação do cadastro e aí sim finalizar a compra. Praticidade zero.

Mas talvez por causa desse apego pelo sistema postal, várias facilidades referentes ao segmento acabaram sendo desenvolvidas. Uma das mais legais é a conta do twitter @suivi_avec_lisa, um bot criado pelo grupo La Poste (os Correios daqui) com o objetivo de acompanhar encomendas registradas. É só seguir a conta mencionada, esperar que ela te siga – é automático – e em seguida mandar uma DM pra ela com o número da encomenda.


A partir daí, todas as vezes em que o status da entrega for atualizado, você recebe uma DM informando o paradeiro do seu pacote ou carta.

Bacana, né?

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sephora, me chicoteia!

sephora paleta maquiagem

Funciona assim: você entra na Sephora pra dar uma olhada porque estava passando por ali mesmo, que mal faz? De repente vem uma moça sorridente querendo te ajudar, e você comenta alguma coisa sobre um primer do qual ouviu falar.

Em pouco mais de um segundo você está sentada numa cadeira sem saber direito como foi parar lá, e a moça sorridente está lambuzando metade do seu rosto com o primer que você mencionou e completando o look com uma base, uma sombra, um blush, um batom e um iluminador que, pode confiar, vão muito bem com a sua pele.

Aí ela vem com o espelho e te mostra a metade mais bonita do seu rosto, a metade que está maquiada. Ela está com a vantagem. Pra sair dali linda, você depende da boa vontade da moça sorridente; se você for legal e mostrar intenção de comprar pelo menos um dos produtos, ela maquia a outra metade. Só que a esse ponto você nem precisa mais fingir interesse, e pensa como foi que viveu tanto tempo sem aquela base, aquele blush, aquele batom e aquele iluminador incríveis.

No instante seguinte você está no caixa da loja com todos aqueles produtos e mais uma paleta promocional de maquiagem que tem trezentas cores de sombra, duzentas de gloss, uns creminhos coloridos que você não sabe pra que servem e um pincel pra cada coisa. A moça do caixa, também sorridente, te dá várias amostras grátis de cremes, perfumes e afins. Você é uma pessoa linda, cheirosa, hidratada e maquiada, além de provavelmente falida. Mas você está feliz, e é isso que importa.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Diário de uma sedentária

Eu juro que tentei ser uma pessoa fisicamente ativa quando cheguei em Paris. Fiz matrícula no Club Med Gym, paguei um ano adiantado e comecei animadona pra perder uns quilinhos, diminuir o estresse e a dor na coluna. Mas aí foi ficando frio e foi dando cada vez mais preguiça de sair de casa e andar vinte minutos pra chegar lá, e eventualmente eu acabei assumindo que eu detestava a academia, detestava os professores, detestava a série de musculação ridícula que me passaram e parei de ir.

Um belo dia eu descobri uma estúdio de yoga e pilates bem pertinho de casa e comecei a fazer aulas, animadona de novo. Só que deu agosto e em agosto tudo fecha em Paris, inclusive estúdios de yoga e pilates. Quando teve a rentrée em setembro, que é o equivalente francês da volta do Carnaval e quando tudo começa a funcionar de verdade, eu fiquei enrolando pra voltar, ficou frio de novo e eu acabei nunca mais voltando.

Aí semana passada eu comprei pela internet um vélo elliptique, que é aquele aparelho que no Brasil a gente chama de elíptico ou transport. Chegou sexta de manhã e eu fiquei mais uma vez animadona. Só tinha me esquecido que aqui as coisas não são tão fáceis assim e que eu teria que montar meu vélo sozinha, o que não me parecia nada legal depois que eu penei pra realizar o simples ato de tirar as peças de dentro da caixa. O manual de montagem foi ainda mais cruel ao dizer que era necessário o trabalho conjunto de duas pessoas pra realizar a tarefa.

Dez horas e algumas crises de nervos depois, consegui finalmente terminar de montar o troço. Ironicamente, a atividade me custou uma puta piora na minha dor na coluna e um bocado de estresse, que eu por consequência aliviei comendo todas as (poucas, ainda bem) coisas doces da despensa. Tô moída e desanimadona. Mas dessa vez, depois desse trabalho todo, vai ter que dar certo.