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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Provence-Alpes-Côte d'Azur: parte 1

Provence-Alpes-Côte d'Azur. O nome é comprido, mas é como a região que conhecemos como Provença é oficialmente denominada. É também praticamente uma breve explicação do que se encontra ali pelo sul da França: provença, alpes nevados, riviera francesa, costa azul, mediterrâneo, lavanda. Por livre associação, claro.

A viagem começou em Marseille, que é a capital da região. Chegamos lá de trem, saindo da Gare de Lyon em Paris, demorando aproximadamente 3 horas no trajeto. Pegamos na própria Gare Saint Charles, a estação de trem de Marseille, o carro previamente alugado na Europcar: originalmente um Kangoo, que virou um Peugeot 308 porque eles não tinham o carro reservado.

Marseille

Na verdade, acabamos nem conhecendo muito Marseille, mas à primeira vista me pareceu uma cidade meio velha, diria até um pouco feia. Mas minha opinião é baseada em quase nada, então preciso voltar lá para desfazer ou confirmar a impressão.

Aix-en-Provence

Aix é a antiga capital da Provence e também é uma das principais cidades da região. Entre sua fundação em 123 A.C. pelos romanos até 1487, quando foi definitivamente incorporada à França, Aix-en-Provence foi terra de visigodos, francos, lombardos, sarracenos, Aragons e Anjous. Foi na época desses últimos que a universidade de Aix foi fundada.

Mas a maioria das atrações turísticas da cidade surgiram bem depois disso. Cours Mirabeau, a principal avenida da cidade, foi construída no século XVII, assim como o Hôtel de Ville. Nas proximidades deste último, é montado um marché aux fleurs (mercado de flores) às terças, quintas e sábados. As fontes da cidade são do século XVIII, sendo a principal delas a Fontaine de la Rotonde.

Outras atrações são a Cathédrale St-Sauveur, Thermes Sextius e o Atelier Paul Cézanne, que não visitamos. Prédios antigos e arte no mesmo dia podia ser demais para um grupo de cinco pessoas com interesses distintos.

Fontaine de la Rotonda

Sainte-Maxime

A chegada em Sainte-Maxime foi assim: "Oba, chegamos em Saint-Tropez, vamos tirar fotos com praia e canteiros de lavanda, vamos tomar uma cerveja!". Depois da empolgação inicial, descobrimos se tratar da cidade vizinha, que no entanto está ali de frente pra Saint-Tropez, no mesmo golfo. Bonita também.

Saint-Tropez está lá atrás

Mamãe e o canteiro de lavanda

Saint-Tropez

Pensa numa área portuária, mas com iates de luxo entre os barcos pesqueiros, restaurantes sofisticados, pessoas vestidas de branco e lojas de grife. Ou então, imagina assim, uma Búzios mais chique, com gente falando francês e com as ruazinhas estreitas do centro histórico que data do século XV. É mais ou menos isso, Saint-Tropez. Só que melhor.

Anotado no caderninho: tenho que voltar lá para passar um fim de semana e fingir que eu sou rica.

Saint-Tropez

Porto

Cannes

Outra cidade bem bacana de se conhecer. Tem um charme diferente de Saint-Tropez; é maior, mais cosmopolita, mais cidade grande. Chegamos entre o fim do Festival de Cinema e o começo do Cannes Lions, mas mesmo assim a cidade estava cheia, bem animada. A boa é ficar num hotel o mais perto possível de La Croisette, a orla de Cannes: praia de dia, vários restaurantes e bares à noite. Se puder bancar, fica logo no Carlton, eu recomendo.

Enganei alguém? É, achei mesmo que não. Uma diária no Carlton deve custar mais que um rim meu.

Na orla também fica o Cassino e o Palais des Festivals, onde acontece o famoso Festival de Cinema. Lá também tem uma calçada da fama, com a impressão das mãos de vários atores, atrizes e diretores.

Outro lugar imperdível é o Château de la Castre, um castelo construído por monges nos séculos XI e XII. A vista lá de cima é sensacional.

A mão do David Lynch

Carlton

Antibes

Antibes, antiga Antipolis, foi fundada no século IV ou V A.C. pelos fenícios. Mais tarde, foi um entreposto grego, depois uma cidade romana, depois um domínio dos Grimaldi e enfim uma cidade francesa a partir de 1860.

Na lista do tem-que-ver está o Château Grimaldi, que abriga atualmente um Musée Picasso, e o porto da cidade, que tem os iates mais ridiculamente grandes e luxuosos que eu já vi na vida.

Iates no porto de Antibes

Grasse

É a capital dos perfumes da Provence, com uma tradição no ramo que vem do século XVI. Então, as visitas das perfumarias são o que há de mais interessante em Grasse, mas é só isso e olhe lá. Ganhou o título-trocadilho de "cidade sem-grasse".

Perfumaria Fragonard

Tourrettes-sur-Loup

Estávamos na estrada entre Grasse e Saint-Paul de Vence quando de repente vimos uma cidadezinha encravada no alto de uma montanha, uma village perché. Tourrettes-sur-Loup. Hein? Mas essa cidade nem está no guia!

Pausa para tentar explicar o que é village perché. Ao pé da letra seria mais ou menos "aldeia empoleirada", que obviamente não é o que se usa em português, se é que existe uma tradução exata. A expressão é usada para definir pequenas cidades medievais construídas no topo de montanhas rochosas, com vista para um rio, para um vale ou ainda para o mar. Ou seja, eram posicionadas em locais estratégicos de vigilância, de onde se podia avistar possíveis ameaças. Geralmente eram construídas ao redor de um castelo e/ou de uma igreja, com casas feitas de pedra e ruas estreitas formando um pequeno labirinto, e eram assim desenhadas justamente para confundir possíveis inimigos que a conseguissem invadir.

Pois bem, Tourrettes-sur-Loup é uma dessas cidades. E é linda, pequena, super bem conservada. Sério, me senti na Idade Média.

Tourrettes-sur-Loup

Salut!

Saint-Paul de Vence

Outra village perché, uma das mais famosas da região. Mas justamente por ser mais turística, não tem tanto charme quanto Tourrettes-sur-Loup; é maior, mais cheia de lojas e de gente. Mas ainda assim valeu a pena, é bem bacana.

Bem depois dos tempos medievais, Saint-Paul de Vence se tornou frequentada por gente como Modigliani, Simone de Beauvoir, Sartre, Catherine Deneuve...

Saint-Paul de Vence

Fonte

Cagnes-sur-Mer

Nesta cidade também tem um Château Grimaldi. E uma bela vista do litoral lá embaixo.

A vista

Nice

Nice é o segundo destino mais procurado na França, depois de Paris. É uma cidade grande. E isso foi muito ruim pra gente, porque cidade grande que se preze tem bandido, e um desses bandidos quebrou o vidro lateral do nosso carro. Então, o primeiro dia em Nice a gente passou tentando saber o que fazer, rodando a cidade à procura da delegacia, da agência da Europcar, da loja da Peugeot, da loja de conserto de vidro. Foi péssimo. Como a peça estava em falta, acabamos tendo que trocar o carro por um kangoo na Europcar. Depois eu conto o pesadelo que está sendo a cobrança disso.

Enfim, lá pro fim do dia conseguimos pegar uma prainha. Só que nem dá pra ficar muito tempo porque a praia é toda de pedras, e deitar nas pedras é bem desconfortável. De noite conseguimos andar pela Promenade des Anglais, passamos no Cassino, jantamos na rue Masséna.

E no dia seguinte, quase indo embora, vimos a Vieux Nice, a parte antiga e legal da cidade. Mas sabe má vontade? Pois é, Nice inspirou má vontade por causa do vidro quebrado. Nem exploramos muito essa parte da cidade.

O estrago

A cor do mar

Vieux Nice

Eze

Eze também é uma village perché. E lá tem o Jardin Exotique, um jardim lindo que fica ao redor da cidade. Linda, vale a pena.

Jardin Exotique de Eze

Eze

4 comentários:

Amanda Lourenço disse...

Que delicia Maira! Ainda não conheço nenhuma dessas cidades e você me deu muita vontade de ir!

Que chato essa historia do vidro do carro, heim? O pior é que quando não estamos no nosso pais, não sabemos o que fazer direito. Mas essas coisas acontecem, não tem jeito.

E nos no Rio temos nossas proprias villages perchés! As favelas, hehehehe. Todo mundo bem empoleirado. Eu não entendia como meu namorado achava bonita a vista de uma favela, deve lembrar ele o sul da França...

Mulherzices disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mulherzices disse...

AMEI!!!! Adorei as villages perchés!!! Como disse sua amiga aí de cima... praticamente nossas favelas... hehehehe! Quem dera. Adorei a coisa da má vontade... é assim mesmo, pode ser a melhor coisa do mundo mas quando bate a "má vontade" não tem jeito. Ainda assim fiquei com muita vontade de conhecer tudo, sem má vontade, claro.

Maíra K. disse...

Que bom que vocês ficaram com vontade de ir :-)

É verdade, nós também temos villages perchés no Brasil! Hahahaha! E aqui acho que o termo empoleirado se aplica bem.

O lance da Europcar ainda não resolveu, eles estão cobrando uma nota! Estamos tentando conversar com eles, mas realmente fica mais difícil quando não sabemos como as coisas funcionam :-(