Páginas

segunda-feira, 9 de março de 2009

Quatro dias em Berlim

Só mesmo estando em Berlim para se dar conta do quanto de história tem lá, mesmo que boa parte da história que está refletida nas ruas da cidade seja a reconstrução ou a desconstrução do que um dia foi. Reconstrução de prédios, igrejas, monumentos ou bairros inteiros que foram bombardeados na Segunda Guerra. Desconstrução representada pelo Muro, que, derrubado, reunificou a Alemanha novamente em 1989, e hoje permanece lá invisível: uma linha cortando o chão da cidade e curtos pedaços preservados como relíquia histórica.

Uma das coisas que mais me impressionou foi justamente a questão do Muro, porque é uma história muito recente, uma história que eu vi acontecer pela televisão. Claro que na época eu não tinha a noção real do que era todo aquele fuzuê porque eu tinha nove anos de idade, mas ainda assim lembro de ver acontecer. É diferente de aprender uma história que aconteceu bem antes de eu existir, sei lá, me parece uma coisa mais real.


Mas chega de filosofia barata sobre a história. O fato é que gostei muito de Berlim. Estes quatro dias foram bem aproveitados em vários passeios e visitas bacanas.

Uma das coisas que mais gostei de fazer foi um “Free Tour” que estava anunciado no mapa que davam no hostel. É um roteiro gratuito a pé que na verdade não é bem gratuito: eles pedem que você dê seu preço no final se tiver gostado. Paguei com gosto, já que a nossa guia, a Gemma, explicou de forma bem bacana muitas coisas que teriam passado totalmente despercebidas. Senta que o post é longo, ou pula pro próximo :-)

O tour começa na Pariser Platz, de frente para o Brandenburger Tor, que é o mais importante portal de Berlim. Antes das guerras, era símbolo da paz, e depois da reunificação, se tornou o símbolo do nacionalismo alemão. Conta a guia que Napoleão, ao passar por ali, quis que o portal inteiro fosse levado para o Louvre. Convenceram-no de levar somente a estátua que fica em cima do portal, porque logisticamente seria meio complexo, pra não dizer insano, levar um portal daquelas proporções pra dentro de um museu.


Passamos em seguida ao lado do Reichstag, que é o Parlamento alemão. O prédio, um dos símbolos de Berlim, tem um domo de cristal que fica exatamente em cima da sala do Parlamento, e em dias de trabalho as pessoas podem ver os parlamentares lá embaixo trabalhando. A simbologia de tudo isso é que a democracia, simbolizada pelo domo de cristal, deve ser transparente, e que o povo é quem elege os políticos que ali trabalham, e logo estão acima deles. O tour não pára lá, então tivemos que voltar depois para subir no prédio.



Em seguida, passa pelo Holocaust-Mahnmal, um memorial aos judeus assassinados nos campos de concentração. É uma área grande, mais ou menos equivalente a um quarteirão, onde 2.700 pedras escuras de tamanhos diferentes se enfileiram, lembrando um cemitério. Bem impactante.


Andando mais adiante, chegamos ao local onde ficava o bunker onde Hitler passou seus últimos dias (bom pra situar quem já viu o filme A Queda). Este ponto não foi sinalizado para que não virasse um local de peregrinação de neo-nazistas ou coisa semelhante. Ao contrário, é um lugar completamente comum que foi aterrado e virou um estacionamento. Também passamos por um dos únicos prédios de arquitetura nazista ainda existentes na cidade, que não foi bombardeado – provavelmente porque os aliados queriam recuperar as informações ali guardadas, pois era uma espécie de ministério da aeronáutica nazi – e que hoje é sede do Ministério da Fazenda.

A parada seguinte foi no local onde ficava o Checkpoint Charlie, um dos pontos de passagem na fronteira entre o lado americano e o soviético do Muro.



Passamos pelo Gendarmenmarkt, onde há duas igrejas, a Französischer Dom e a Deutscher Dom, respectivamente locais de culto calvinista e luterano que mandaram construir no século XVIII para atrair população para a cidade, que na época estava meio sem gente por causa das sucessivas guerras que a Alemanha tinha o hábito de frequentar desde tempos remotos.

Depois, passamos pela Bebelplatz, onde ocorreu a grande queima de livros no regime nazi e onde hoje existe um memorial interessante sobre este evento: no meio da praça há uma espécie de biblioteca subterrânea vazia que pode ser vista a partir do nível do chão através de um tampo de vidro.


Dali, uma passada na Universidade Humboldt e chegamos na Ilha dos Museus, onde tem também o Berliner Dom, uma catedral protestante que foi o ponto final do tour.

Outros passeios interessantes: Nikolaiviertel, um pequeno bairro medieval reconstruído.


A Tacheles, galeria de grafite e arte alternativa na Oranienburger Strasse.



O Sony Center e o Museu do Filme que tem lá.



A Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche, uma igreja parcialmente destruída na Segunda Guerra e que foi mantida assim, parcialmente destruída, para não deixar ser esquecido o horror da guerra.



E, claro, não dá pra deixar de experimentar a maior quantidade possível de cervejas! Coisas estranhas da Alemanha também; por exemplo, pizza com pepino e pimentão vermelho (acreditem, eu comi isso!). Uma viagem muito bacana que provavelmente Rafael também vai querer fazer, apesar de já conhecer algumas cidades alemãs. Eu não vou reclamar nem um pouco de voltar lá, mas da próxima vez tem que ser numa época mais quentinha. Que na Alemanha faz ainda mais frio que na França, e isso foi a única coisa não legal na viagem.

4 comentários:

Cris Chagas disse...

Ufa! hehe contou mesmo tudo kkkk To vendo aqui, suas fotos noturnas relamente ficaram melhores q as minhas. Essa q vc está no muro, a minha ficou completamente pixelada.

Tb gostei muito de Berlim, fiquei com vontade de fazer váriso tours pra saber mais da história. E tb quero ver a cidade no verão, cheia de flores e tal. Quem sabe eu volto... bjs

Mulherzices disse...

Eu tb amei Berlin!!! Eu fui no verão... e estava um calor horrivel... acho que a primavea deve ser a melhor época!!! Sofri muito viajando no verão pela europa...andar com o solzão na cabeça e sem um ventinho é foda!!!
Adorei as fotos!!! Ah também fiquei impactada com o memorial aos judeus... a idéia é brilhante!!
muitos beijos

Cris Chagas disse...

É, eu falei verão, pq talvez tenha cia pra voltar no verão, mas concordo com vc. Nada melhor que a Europa na primavera! Tudo florido, dias longos e um clima super agradável pra passear (e andar e andar e andar hehe).

Anônimo disse...

Eu vi a reportagem do Pedro Bial (acho que foi pro Fantástico) no dia que derrubaram o muro de Berlim. Quem diria, o homem virou apresentador do Big Bro0ther.... Comentário mongol à parte, eu adorei as fotos. Quero muito ir pra lá um dia.