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quarta-feira, 18 de março de 2009

Em pedaços

Art washes away from the soul the dust of everyday life

Comprei recentemente um livro sobre história da arte que tem essa frase muito bonita do Picasso na contra-capa. Apesar de eu ainda não ter tomado vergonha na cara e começado a visitar e revisitar os museus de Paris, tenho feito um pouco de “arte” pra lavar a poeira do meu cotidiano por ora solitário:

1) Montei um quadro bacaninha do Warhol (Double Mona Lisa) no Allposters com uma moldura meio prateada e passe-partout amarelo, bem pop art. Chegou ainda agora e ficou lindo! Daí me lembrei que começa hoje a exposição “Le Grand monde d’Andy Warhol” no Grand Palais e que quero começar a temporada de arte com essa exposição, e logo!


2) Criei um mural com fotos de familiares e amigos queridos, o que me deixou feliz e ao mesmo tempo deu um apeeeerto no coração... muitas saudades de todos, muitas mesmo!


Daí comecei a pensar nessas escolhas que a gente faz e nas consequências delas. Mesmo antes de nos conhecermos, eu e Rafael já queríamos morar fora do Brasil, e de comum acordo resolvemos que era agora ou nunca. Desde o começo eu sabia que o contrato dele incluía cinco semanas de embarque pra cinco semanas em terra. Então – vejam bem, não é uma reclamação, é só uma constatação – eu sabia que mês sim, mês não eu ficaria sozinha, e que provavelmente seria difícil no começo já que eu não conheço quase ninguém por aqui. E bem desde o começo também percebi que, para ganhar essa experiência fora do país, eu teria que abrir mão de muita coisa, e principalmente perder a companhia de quase todas as pessoas que eu amo.

Ficar sozinha, portanto, já era parte do meu contrato, por assim dizer. Mas mesmo sendo uma pessoa mais introvertida que extrovertida, mesmo apreciando muito meus momentos sozinha, mesmo gostando de ficar quieta no meu canto, sinto falta das minhas pessoas, de um abraço, de um beijo, de um telefonema com tarifa local, de ter a sensação de que os que eu amo estão a uma curta viagem de carro de distância, se tanto.

E acabei chegando à conclusão de que, ao contrário do que dizem os livros de auto-ajuda e as revistas femininas, eu não sou inteira sem os outros, que nunca vou ser inteira, que ninguém é inteiro. A gente sempre tem um pedacinho faltando, alguém que está longe, alguma coisa que a gente ainda não viveu, alguma coisa que a gente precisa e por enquanto nem sabe que precisa. E que isso é muito, muito bom. O que a gente tem que fazer é ir tentando sempre juntar esses pedacinhos pra ver se um dia a gente consegue ter tudo ao mesmo tempo – o que na prática é impossível, mas por que não tentar? Eu estou sem muitas frações de mim, mas estou vivendo várias experiências que eu preciso viver agora, e que essas experiências vão ajudando a montar quem eu quero ser.

Mas chega de encher o saco de vocês. Daqui a pouco vai chegar aqui em casa um pedacinho muito especial de mim e eu vou poder falar pessoalmente pra ele essas minhas bobeiras, ao invés de escrevê-las no blog.

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Amor:

LINDO, LINDO , LINDO !!!!!!! Adorei o que vc escreveu hoje sobre " pedacinhos faltando".
Me emocionou a ponto de chorar ( vc nem acredita, né?).
Em mim a sua falta faz o maior rombo, aliás , um rombão.... mas reclamo não. Fico feliz em saber do seu crescimento pessoal , do seu amadurecimento. Te AMO , minha linda !!!!!!!

saudades

mamãe

Cris Chagas disse...

Miga, é difícil. A experiência é fantástica, mas tem horas que parece q vou enlouquecer sem os meus pedacinhos!
Força!
bjs

Mulherzices disse...

Assim não dá amiga... eu leio o blog no trabalho, e estou eu aqui tendo q fingir que a lente está encomodando... e sua mãe então, só piorou as coisas... essa lente deve estar com muuitos fungos!! hehehehehe... A vida é assim mesmo, sempre nos obrigando a abrir mão de certas coisas... Mas com certeza vc está acumulando vários pedacinhos por aí, e com certeza os que deixou por aqui estarão aqui te esperando quando vc voltar. Ô pessoinha especial que vc é heim...Saudades amiga!!
beijoooo

Anônimo disse...

Jacy

Não ciritique muito pois este é o meu "debu" em blogs.

Não ligue para os pedações que você deixa npara traz. Eles são as consequências da corrente que te leva para frente.

Creio que, ao contrário do que se diz, a vida não é uma estrada, é um rio que nos leva ao oceano da eternidade onde todas as almas se tornarão una no grande moto universal e eterno até que uma no va vida (nascimento) se encha com parte do percurso que fizemos.

Sinto não apenas orgulho mas também satisfação pelo curso que voces deram às suas vidas mas também pela forma como voces navegam a barca da vida.