Eu finalmente comi escargot. Foi quando a Flavia esteve aqui, há pouco mais de duas semanas, mas eu tinha esquecido de contar. Aliás, só lembrei por uma associação um tanto quanto bizarra: sonhei essa noite que estava comendo a moqueca de camarão do Berbigão (hmmm...) e não sei porque lembrei dos caramujinhos. E pra falar a verdade, prefiro a moqueca de camarão lá de Jurujuba. A gente sai de Niterói, mas Niterói não sai da gente :-)
Pois bem, comi e até achei bom depois que eu abstraí o fato de estar comendo uma criatura rastejante. O gosto da carne parece o de um fruto do mar genérico, e o que dá o gostinho mesmo é aquela manteiga de ervas deliciosa que vem recheando cada concha. Mas de toda forma ainda tinha um tempero a mais quando eu degustei a entrada tão tradicional aqui da França, já que esta degustação se passou no Le Procope.
O restaurante Le Procope é um dos mais antigos de Paris. Ele foi inaugurado em 1686 pelo italiano Francesco Procopio dei Coltelli num ponto que na época já era super in: Saint German, ali onde hoje é a rue de l'Ancienne Comédie, perto do Odéon. Pela sua proximidade com a Comédie Française, acabou virando ponto de encontro de uns sujeitos como La Fontaine, Molière, Racine, Piron, Destouches, d'Alembert, Voltaire, Rousseau e Diderot, só para citar alguns nomes.
Benjamin Franklin redigiu ali a declaração de independência dos Estados Unidos.
Durante a Revolução Francesa, os frequentadores eram Robespierre, Danton, Hébert, Marat e Desmoulins. Era ali que Marat redigia e imprimia seu jornal "L'ami du peuple", fato que hoje está anunciado na vitrine do restaurante. Foi dali que partiu a ordem dos ataques às Tuileries, em 20 de junho e 16 de agosto de 1792.
Conta a lenda ainda que Napoleão Bonaparte muitas vezes deixava seu chapéu no Le Procope como garantia da conta. Tem um lá exposto, fazendo supor que em pelo menos uma das vezes ele deu calote.
Em seu tempo, Balzac, Victor Hugo, Verlaine, George Sand e Anatole France também paravam ali para tomar um café e discutir a vida, a existência, o mundo.
E eu fui lá. Comer escargot e debater idéias nada iluministas ou revolucionárias ou intelectuais com a Flavia. Mas fina, fina toda vida, e feliz de estar num lugar tão cheio de história.
As criaturas
O garçom de bigodes de pontas viradas do Le Procope, mais parisiense impossível. Se você procurar "garçom francês" no Google, deve aparecer a foto dele
Não viu o bigode direitinho? Olha aqui, ó
4 comentários:
Tô boba, fofa! Nunca mais vc vai querer comer batata inglesa no Rio Sul ou pizza no Seven Grill! hahahah
Cara-de-pau!! Depois quer que eu acredite que vc comeu feijão com guaraná antártica!! =p
Beijocas!
A gente tem que variar, né, Marinoca? Um dia escargot, no outro feijão! Hahaha!
Quando eu for no Brasil (em novembro, em novembro! :-) vou sim na Batata Inglesa, no Seven Grill, no Paludo, no Berbigão, no Porcão... Prefiro batata com estrogonofe do que escargot, que eu na verdade não sou nada fina.
beijocas
Chic no último heim amiga!!! Adorei a comparação com o camarão do Berbigão!! Lembrei da nossa despedida... você vem em Novembro??? Que coisa boooaaaa!!
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