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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Engrossando o pescoço


Marcar qualquer atividade comigo em Paris tem sido um problema. Nas longas e fantásticas semanas de embarque nessa indústria vital, fica difícil prever quando e em que estado chegarei em casa para comparecer aos vários rendez-vous.

Sou achincalhado por família, amigos e esposa, que frequentemente vão sem minha presença a viagens, jantares e B52s (drink ótimo!). Por falhas na comunicação, já teve amigo que foi pra Paris ficar na minha casa e sequer me viu lá. Maíra se responsabilizou pelos entretenimentos e parcerias nos passeios. Ah, e já empatei o meio de campo de um casal em lua de mel também! Oferecemos o apê, que deveria estar vazio, mas cheguei bem no meio da temporada de caça. Pelo menos dei boas dicas de comida congelada.

Sempre chego mais tarde e parto mais cedo do que pensava, então tudo tem que ser agendado momentos antes da partida começar, já com transmissão ao vivo no local. Num continente que valoriza justamente a antecedência (quem nunca escutou que passagens de avião, trem e reservas de hotel ficam mais baratos quando comprados meses antes?), não ter como passar o calendário é motivo de atritos.

To pensando em desistir de colocar datas. Acho que a partir de agora vou trabalhar com estações do ano. Vejam esse exemplo de roteiro:

Suplicante: Rafa (no diminutivo, porque ainda rola carinho aqui), quando você embarca?
Embarcado: No começo do inverno.
Suplicante: E quando você volta, Rafael (perceberam a sutil diferença)?
Embarcado: No meio da primavera.
Suplicante: Sem dia especifico fica difícil, tava querendo marcar uma parada. Quando posso reservar?
Embarcado: Pro verão, quem sabe. Ou não...
Suplicante: Confirma então quando você chega com seu chefe.
Embarcado: Pode deixar, vou tentar (sabendo q nuuunca arrancarei essa informação dele). Mas é melhor jogar a reserva um pouco pra frente... só pra garantir. Vai naquele site "last minute reservation" e vê o que dá pra fechar.

Mas não tem nada não, tem que levar na esportiva senão pira na batatinha. Sabia que ia ser pedreira trabalhar embarcado na África, mas o aprendizado tá sendo muito legal. Com certeza a agitação de estar onde as operações de fato acontecem vai me deixar com o “pescoço grosso”, como dizia um colega lá do Norte, e isso na engenharia é muito valorizado.

Daqui a um tempo, tipo quando eu me aposentar, isso tudo passará e ficarão apenas os frutos... e sequelas desses anos engrossando o pescoço, no bom sentido. Tomara que não dê torcicolo.

5 comentários:

Amanda disse...

O meu deus, não fala anosssss no plural não, senão a Maira vai ter um ataque. Com a experiência que vc ta ganhando, daqui a pouco da pra arranjar um emprego em terra firme. De preferência terra francesa!

Maíra K. disse...

A suplicante aqui agradece o apoio :-) Como se vê, ele gosta de me abandonar sem aviso!

Aline Mariane disse...

Ei, o mau-humor da Maira nao é so por causa do inverno...
Maira,
Faz que nem eu: vai junto!! Ja estou programando minhas viagens "acompanha namorado" pra lugares bizarros como Kenya e Sudao. Nao deve ser pior que um barco em Angola... hehe
Bjss!

Maíra K. disse...

Nem dá pra ir junto... e pra falar a verdade, entre França e Angola to preferindo França! Hehehehe!

beijão!

Cris Chagas disse...

To com a Amanda, melhor é em Paris com o maridão. Boa sorte pra vcs ;) bjao